São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995 |
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Agrônomo era um assessor fiel
ANTÔNIO CARLOS MARTOS
Graziano substituiu o fazendeiro Brazílio de Araújo Neto na direção da entidade. Ele foi indicado pelo ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira. A queda do Araújo Neto foi festejada pelos sem-terra, que defendiam também a saída de Andrade Vieira. Diante de conflitos entre o ministro e Graziano, os sem-terra apoiavam o novo chefe do Incra. Nascido em Araras (170 km a noroeste de São Paulo), Graziano é formado em engenharia agronômica pela Universidade de São Paulo (USP). Obteve também título de doutor em administração pela Fundação Getúlio Vargas (SP). Em em 1987, durante o governo de José Sarney, chegou à chefia de gabinete do Incra, o segundo cargo na hierarquia do instituto. Homem de confiança de FHC, foi seu assessor técnico no Senado e no Ministério da Fazenda, durante o governo Itamar Franco. Antes de assumir o comando do Incra, era o chefe de gabinete da Presidência da República. Sua tarefa era planejar e controlar a agenda do presidente. Durante a campanha presidencial do ano passado, elaborou o texto sobre reforma agrária do programa de governo "Mãos à Obra", do então candidato Fernando Henrique. Seu primo, José Graziano da Silva, coordenou o programa de reforma agrária para Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, principal adversário do tucano. Também na campanha, a função de Graziano era planejar a agenda de FHC. Já nessa época, teve desentendimentos com o diplomata Júlio César dos Santos, o ex-chefe do cerimonial da Presidência que teve os telefones "grampeados" pela Polícia Federal. A cúpula do "tucanato" considerava que Júlio César incluía encontros com empresários de última hora, atrasando a programação do candidato. Graziano assumiu o cargo de presidente do Incra em setembro deste ano, com a meta de assentar 280 mil famílias até o final do atual governo. Defendia mudanças na Constituição que agilizassem as desapropriações de terras improdutivas. Em um de seus desentendimentos com Andrade Vieira, o ministro da Agricultura chegou a afirmar que a reforma agrária estava lenta demais. Por essas divergências, os dois foram repreendidos publicamente por FHC: "Não adianta fazer intriga uns contra outros. Isso não funciona no espírito de cooperação, de convergência de valores e de pontos de vista." Colaborou a Redação Texto Anterior: 'Grampo' provoca a queda de Graziano Próximo Texto: ACM e PMDB divergem sobre apurações Índice |
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