São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Banco Central segura a queda dos juros

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Com um leilão de títulos públicos que vão vencer no dia 6 de dezembro, realizado às 17h25, o BC (Banco Central) abortou a queda prevista dos juros para o próximo mês -o do Natal.
O mercado trabalhava projetando uma taxa efetiva no over (títulos públicos) da ordem de 2,6% para dezembro. O leilão do BC sinalizou um juro efetivo de 2,75%.
Assim, o juro previsto para dezembro será menor do que o pago neste mês, mas maior do que o mercado previa. Numa palavra, o BC segurou a queda dos juros.
A diferença para mais, de 0,15 ponto percentual, equivale a um juro anual de 1,8%.
Não é pouco. Significa um custo adicional ao ano de R$ 1,8 bilhão na rolagem da dívida interna ou o equivalente a um quinto do que se imagina valer a companhia Vale do Rio Doce.
Recado do BC: o juro permanece elevado (e mais do que se previa) enquanto não se avança no tal do ajuste fiscal.
É um cobertor de pobre. O juro fica alto porque não se fez o ajuste, mas o ajuste fica mais difícil (política e tecnicamente) porque não se baixa o juro.
Até o meio da tarde, no mercado futuro, os operadores apostavam em um aumento no ritmo de queda das taxas para dezembro e janeiro. Danou-se.
A previsão de juros para dezembro quase não teve tempo de reagir ao leilão do BC. A correção terá de ser feita hoje.
A queda de janeiro começou a ser abortada com o anúncio das novas tarifas telefônicas (alguns reajustes ficaram acima do que previa o mercado).
O impacto na inflação, estimam os analistas, deve ficar na casa de 0,6 ponto percentual.
Ruim para o bolso, bom para a Bolsa. Ou, mais precisamente, bom para a Telebrás (que concentrou 63% dos negócios).
Com a Telebrás subindo 2,13%, a Bolsa paulista reagiu (vinha em baixa) e fechou em alta de 0,57%.

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