São Paulo, terça-feira, 28 de novembro de 1995
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Reage, Rio

Os cariocas têm hoje a oportunidade de participar de uma manifestação singular: a passeata contra a violência do movimento Reage, Rio. A idéia é bastante simples. Conseguir envolver população e empresas na necessidade de reformar a polícia e de integrar as favelas como a melhor forma de diminuir a violência na cidade.
A idéia parece correta. Nem tanto na linha do "bandido se enfrenta é com a polícia", nem do "toda a violência é consequência da miséria", o movimento reconhece o quanto de verdade têm ambas as linhas de pensamento e vai assim procurar desenvolvê-las.
Ninguém têm dúvidas de que uma polícia corrupta e mal preparada é um dos fatores que, hoje, está entre as causas mais imediatas da violência na cidade. Quando não é a própria polícia que está por trás de determinados delitos, ela simplesmente não sabe combatê-los.
É igualmente verdadeira a tese de que miséria causa violência. Ainda assim, constata-se que nem todos os miseráveis estão automaticamente participando de atividades clandestinas, e ainda se encontra felizmente gente digna entre todas as classes sociais do país. O combate à miséria é sem dúvida uma prioridade nacional, mas é sempre bom lembrar que, embora violência e miséria caminhem juntos, eles não são irmãos gêmeos siameses.
Olhar claramente as dificuldades e apontá-las sem preconceitos é um primeiro passo para resgatar a noção de cidadania -essa sim a verdadeira arma contra a barbárie. Apoiar o movimento Reage, Rio e dele participar são sem dúvida um excelente exercício de cidadania.

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