São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995 |
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Sem-terra fazem protesto contra prisão
ADELSON BARBOSA
O protesto ocorreu em frente ao 5º Batalhão da PM (Polícia Militar), onde o frade está preso desde anteontem à noite. Não houve confrontos. Ele foi preso no Mosteiro de São Bento, em João Pessoa, pela PF (Polícia Federal). A PF acatou mandado de prisão expedido contra Ribeiro pelo juiz da Comarca de Alhandra (35 km ao sul de João Pessoa), Aluízio Bezerra Filho. O frade é acusado de formação de quadrilha, desobediência, resistência e maus-tratos contra crianças. Ele participou de duas invasões de terra na semana passada nos municípios de Conde e Pitimbu (litoral sul do Estado). Uma das ocupações ocorreu nas terras das fazendas Jacumã e Tabatinga, pertencentes à empresa agropecuária Lundgren Pastoril Agrícola. Advogados da Arquidiocese da Paraíba passaram o dia preparando um pedido de relaxamento da prisão, que seria encaminhado ao TJ (Tribunal de Justiça) no final da tarde. As pastorais da arquidiocese e entidades de defesa de direitos humanos de João Pessoa distribuíram uma carta aberta à população, repudiando a decisão do juiz de mandar prender Ribeiro. Em entrevista à Agência Folha, Ribeiro considerou a ordem judicial para sua prisão "arbitrária". Leia abaixo os principais trechos da entrevista: Agência Folha - A prisão do sr. enfraquece o movimento dos sem-terra? Anastácio Ribeiro - Não é com despejos nem com minha prisão que vão barrar a caminhada dos trabalhadores rurais sem terra na Paraíba. Pelo contrário, a luta se torna mais forte a cada dia. Agência Folha - O sr. pretende continuar liderando os sem-terra? Ribeiro - Não é porque fui preso que vou parar a caminhada. Agência Folha - Como o sr. recebeu a ordem de prisão? Ribeiro - Eu estava no Mosteiro de São Paulo, onde fica a sede da CPT, trabalhando. O juiz está confundido as coisas. Eu sou um religioso, tenho trabalho e moradia fixa e não preciso de terra, nem tenho terra. Portanto, a prisão foi arbitrária e ilegal. Agência Folha - O sr. é acusado de desobediência, formação de quadrilha, resistência e maus tratos. Ribeiro - Não sei explicar por que estou preso. Não sei se foi por causa dos acampamentos. O que sei é que não formei bando ou quadrilha, como diz o juiz. Nunca maltratei ninguém. Sou um defensor dos direitos humanos. Texto Anterior: MST vê retrocesso Próximo Texto: Mais deputados são acusados de extorsão Índice |
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