São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo enforca casal na zona sul do Rio

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

O engenheiro inglês -naturalizado boliviano- George Campebel Soleto, 56, e sua mulher Sonia Maria Ramos Campebel, 36, foram enforcados em sua casa e tiveram as gargantas cortadas à faca.
Soleto morava na pedra do Joá, entre os bairros de São Conrado e Barra da Tijuca (zona sul do Rio), em uma casa de dois andares com cinco quartos, piscina e vista panorâmica para o mar.
Em uma parede da sala, os criminosos escreveram, com o batom da mulher assassinada, as frases "Nós sãmos terroristas, ass: T*C" e "Vocês policiais são todos bundões, ass: Morte".
T*C poderia ser uma referência ao Terceiro Comando, uma facção criminosa. A casa estava toda revirada.
Na sala, onde o casal foi encontrado enforcado com cordas de náilon presas em uma viga de madeira, havia um cofre aberto.
Os caseiros disseram, em depoimento na 15ª DP (Delegacia de Polícia, na Gávea), que os donos da casa foram visitados por três homens jovens na tarde de segunda, que logo depois os mataram.
A casa do casal fica em área que pertence a um antigo espólio e é considerada de proteção ambiental.
Soleto e dezenas de moradores, de menor poder aquisitivo, são acusados em ações na Justiça por ocupar a área ilegalmente e desmatar o verde.
Na vizinhança, Soleto não tinha boa imagem. Vizinhos que não quiseram dar os nomes afirmaram que ele era agiota, fazia grilagem de terra, contrabandeava armas e mantinha contato com traficantes. O delegado-titular da 15ª DP, Rubem da Costa Campos, não quis falar com os jornalistas, expulsando-os da delegacia. Não quis também liberar os depoimentos dos caseiros.
Segundo um policial, na casa do casal foram encontrados cinco coldres de pistolas. Policiais suspeitam que as armas eram de Soleto e foram levadas pelos assassinos.
Na sala, havia um arco e uma flecha. Dentro do carro do casal foram deixados um computador e um aparelho de TV.
Policiais suspeitam que os assassinos tentaram simular um assalto e, por algum motivo, desistiram à última hora.
Na delegacia, os caseiros Carlos e Vera disseram que o casal recebeu primeiro um homem jovem. Conversaram na sala e, depois, o homem saiu, voltando mais tarde com mais dois.
Os três homens teriam dito que não fariam mal aos caseiros, por serem pessoas humildes. Os caseiros afirmaram que foram então trancados no escritório da casa.

Texto Anterior: NAS RUAS
Próximo Texto: Funkeiros cantam contra a discriminação
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.