São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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Concorrentes abrem fogo contra Wal-Mart

FÁTIMA FERNANDES
MÁRCIA DE CHIARA

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana depois da sua estréia no mercado brasileiro, a rede de lojas norte-americana Wal-Mart já é acusada por empresários do comércio e da indústria de praticar "underselling" (venda de produtos com preço abaixo do custo).
Alguns produtos eletroeletrônicos e alimentos chegam a custar até 20% menos do que os preços da indústria, segundo levantamento de empresários que não querem ser identificados.
Essa prática de preços está provocando um rebuliço no mercado e as negociações entre o comércio e a indústria estão travadas.
É que os lojistas foram correndo bater na porta da indústria para pedir preços e condições de pagamento que lhes permitam vender tão barato quanto o Wal-Mart.
Só que a indústria insiste em dizer que sua tabela de preços e de prazos de pagamento é a mesma para todos, incluindo o Wal-Mart.
Se o Wal-Mart vende com prejuízo é porque pode, diz um empresário do setor eletroeletrônico.
Segundo Girsz Aronson, proprietário da G. Aronson, a sua rede de lojas já sentiu o reflexo do poder do Wal-Mart no caixa: as vendas caíram 10% na semana passada em relação à anterior.
Também o hipermercado Extra, localizado na Anhanguera, na proximidade da loja do Wal-Mart de Osasco (SP), teve queda de 5% no faturamento no último sábado, na comparação com o mesmo dia da semana anterior.
"É a concorrência", diz Luiz Carlos Narciso, gerente-geral da loja, ao referir-se às novas unidades do Wal-Mart e do Carrefour, vizinhas de muro em Osasco (SP).
Quem sai ganhando com a briga entre os dois gigantes do varejo é o consumidor. Exemplo: em menos de uma semana, o preço de varejo de um ventilador baixou de R$ 34,80 para R$ 28,00.
Os concorrentes preparam o contra-ataque, mas, na opinião de Aronson, o Wal-Mart vai dar muita dor de cabeça para pequenos e grandes varejistas. "Eles são um terremoto. Compram por dez e vendem por oito", Aronson.
Segundo ele, a margem de lucro bruta do comércio gira hoje entre 15% e 20%. No caso da cadeia de lojas norte-americana é de 5%. "Vamos ter de baixar também para 5% para competir." Mas, para Aronson, a indústria também precisa dar condições para isso.

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