São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 1995
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A caminhada "Reage, Rio"

A caminhada "Reage, Rio"
Ao se recusarem a participar d

Ao se recusarem a participar da caminhada "Reage, Rio", realizada ontem no Rio de Janeiro, as principais autoridades executivas do Estado parecem confirmar -talvez até à revelia do que pretendiam- que o enfrentamento dos principais problemas ligados à violência urbana não pode contar hoje apenas com as iniciativas oficiais.
As presenças de Marcello Alencar, César Maia, Hélio Luz e de Nilton Cerqueira poderiam representar, no mínimo, o reconhecimento de que setores organizados da sociedade civil apóiam e ao mesmo tempo demandam iniciativas que permitam minimizar os efeitos perversos do crime organizado. Seria de se esperar que a participação de diversas parcelas da população fosse bem-vinda por governos que busquem enfrentar um problema complexo como o da violência.
Ao justificar sua ausência alegando que certas entidades envolvidas com a caminhada teriam ligações com o narcotráfico, o governador infelizmente acabou sobrepondo circunstâncias particulares -ainda carentes de comprovação- ao interesse coletivo da manifestação, de indiscutível legitimidade.
Por sua vez, ao afirmar que o movimento era da sociedade civil, e não de políticos, o prefeito lamentavelmente parece esquecer que a existência dos políticos só se justifica por sua capacidade de estar próximo da sociedade civil e representá-la -o que não se faz apenas dentro dos gabinetes.
Já para o chefe de Polícia Civil, o problema da violência só será resolvido quando houver uma melhor distribuição de renda. Resta saber como, até lá, será combatida a "distribuição de renda" que, à sua maneira, os traficantes e sequestradores já estão fazendo nos morros cariocas.
A fragilidade dos pretextos alegados pelos que se elegeram no rastro dos problemas de segurança do Estado parece denunciar a pouca disponibilidade de se procurar novos caminhos além dos poucos trilhados até agora com insucesso.

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