São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sedes de hidrelétricas temem falência

CLÓVIS ROSSI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 22 municípios paulistas que abrigam as sedes de usinas hidrelétricas abriram uma guerra contra o governador Mario Covas, pelo que consideram sua sobrevivência financeira.
A disputa é em torno do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) gerado pelas usinas. De acordo com a Constituição de 1988, o imposto deve ficar no município em que tem sede a usina. Cidades que tiveram áreas inundadas para a construção da usina recebem uma compensação.
Agora, em projeto de lei enviado dia 23 passado à Assembléia Legislativa, o governador propõe um rateio meio a meio: 50% do ICMS gerado pelas usinas fica nas cidades-sede e a outra metade vai para os municípios com áreas inundadas.
"Se aprovado, o projeto vai levar os municípios-sede a uma situação de calamidade", reclama Edson Gomes, prefeito de Ilha Solteira.
Sua cidade vai perder 67,25% de sua receita.
Mas a queixa não se limita ao aspecto financeiro. Caminha também pelo lado da inconstitucionalidade do projeto.
A Constituição assegura que o imposto deve ficar onde se dá o que o jargão tributário chama de "fato gerador" (a atividade econômica pela qual se paga o imposto, no caso a operação das usinas).
No projeto de lei, o secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano, admite que acórdãos judiciais confirmam a interpretação sobre o "fato gerador".
O secretário argumenta que "a questão não se resolve pacificamente".
Os prefeitos das cidades-sedes temem que, apesar da inconstitucionalidade, o projeto passe na Assembléia por mera questão de números: os prejudicados são apenas 22 municípios e, os beneficiados, 150.
Por isso, estão propondo um acordo pelo qual admitem o rateio, mas discutem a porcentagem que caberá a cada parte, e se adia a implantação da proposta para dentro de três anos, em vez de vigorar já a 1º de janeiro.
Assim, suas cidades teriam tempo para adaptar-se à perda de receita.

Texto Anterior: Empréstimo em ARO é limitado
Próximo Texto: A SECURITIZAÇÃO DA DÍVIDA RURAL
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.