São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Polícia liberta 2 do mesmo cativeiro

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Os sequestrados Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, 21, e José Zeno, 50, estão soltos desde as 2h de ontem. Algemados e acorrentados, eles foram achados pela polícia em uma construção em Santa Cruz da Serra, distrito de Duque de Caxias, município na Baixada Fluminense a cerca de 30 km do centro do Rio.
O cativeiro foi estourado por 12 policiais da DPCA (Divisão de Proteção à Criança e ao Adolescente) da Polícia Civil. Nenhum sequestrador foi preso.
O universitário Vieira Filho é filho do presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira. O rapaz foi sequestrado em 25 de outubro, em Botafogo (zona sul do Rio).
José Zeno estava sequestrado havia quatro meses. Uma quadrilha de homens armados o capturou em 30 de julho, dentro do condomínio Novo Leblon (Barra da Tijuca, zona sul). Zeno é sócio da empresa Genstar Containers Limitada.
A versão divulgada pela Secretaria da Segurança informa que a DPCA procurava desde 27 de outubro o cativeiro de Vieira Filho em Santa Cruz da Serra.
A DPCA teria colocado dois policiais na região, atrás de pistas. No fim-de-semana, os policiais teriam tido a confirmação de que o cativeiro ficava na região.
A investigação foi, então, transferida para o gabinete do chefe de Polícia Civil, Hélio Luz, que designou o detetive Luís Viana, homem de sua confiança, para acompanhá-la. Segundo a secretaria, na noite de anteontem os policiais que estavam em Santa Cruz da Serra foram informados sobre uma movimentação suspeita em uma construção na rua 25.
Viana e o detetive Fernando César Barbosa, 31, chefe do Serviço de Prevenção e Investigação da DPCA, foram informados e montaram a ação que resultou na libertação dos sequestrados.
Um grupo de 13 policiais teria ido ao endereço, sendo recebido à bala. Após o tiroteio e a fuga dos sequestradores, os homens da DPCA acenderam tochas com jornais e entraram na obra.
Vieira Filho e Zeno foram achados em um dos cômodos da casa em construção. Eles tinham as mãos algemadas e as pernas presas por uma corrente amarrada à viga de madeira do cômodo.
A polícia não conseguiu retirar a corrente das pernas dos sequestrados. O serviço foi feito no quartel-central do Corpo de Bombeiros (centro do Rio), para onde Vieira Filho e Zeno foram levados.
Depois, foram conduzidos à sede da Polícia Civil (Lapa, região central), onde receberam os cumprimentos do governador Marcello Alencar (PSDB) e do chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz.
A polícia acredita que a família de Eduardo Eugênio tenha pago a primeira parcela do resgate para cobrir custos.
Vieira Filho -ou Duda, como é chamado pela família- chegou às 8h10 em casa, em Humaitá (zona sul do Rio). Ele apareceu na sacada e acenou para os fotógrafos.
Em seguida, retornou à sacada abraçado com a mãe, Cristina Gouvêa Vieira. Pouco depois, ela divulgou uma carta onde afirma que toda a família ficou "especialmente emocionada" com a caminhada Reage Rio, na terça-feira.
"Nós amamos o Rio e continuamos acreditando que é possível lutar pela reconquista da cidadania entre nós", diz Cristina na carta.

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mais sobre o sequestro à pág. 3

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