São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Tandy dá lições de vida em 'Camilla'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Filme: Camilla
Produção: EUA, 1993
Direção: Deepa Mehta
Elenco: Jessica Tandy, Bridget Fonda
Onde: a partir de hoje, nos cines Arouche A, Eldorado 4 e circuito

Vivemos em plena maldição dos "Tomates Verdes Fritos". Desde que o filme, de 1991, fez sucesso, surgiu quase um subgênero que se poderia denominar "diálogos" entre duas idades.
O de "Camilla" celebra o encontro entre a jovem compositora Freda Lopez (Bridget Fonda) e uma veterana pianista aposentada, Camilla (Jessica Tandy).
Freda está em conflito quase aberto com o marido, Vince (Elias Koteas), "artista boêmio", na definição dela, convertido em artista gráfico e, portanto, um vendilhão.
Quando os dois passam férias na casa ao lado à de Camilla é que elas se conhecem.
Entramos então no perigoso setor das senhoras desassombradas, cheias de lições de vida a oferecer a uma jovem um tanto atolada nas exigências mercantis do presente e na ansiedade da juventude.
Não é que isso não possa ou não deva ser feito. Há pouco, Clint Eastwood o fez de forma exemplar em "As Pontes de Madison" (no qual a mãe, "post mortem", dialoga com seus filhos).
Não é, também, que "Camilla" sofra de pieguismo crônico. O que temos é, simplesmente, um caso de personagem subdesenvolvido, o da própria Camilla. Como se descobrirá ao final, existe nela e nas histórias que conta (que são a base dos ensinamentos) uma série de contradições.
Ora, Deepa Mehta dirige a personagem como se estivéssemos num filme de suspense em que devemos esperar o final para saber de quem é a culpa.
Com isso, "Camilla" se parte em dois e, em vez de oferecer um fluxo coerente de informações sobre a protagonista -acompanhando a trajetória das duas mulheres-, fica tapeando o espectador, omitindo informações. Para terminar, opta por um final acomodatício.
Não vem ao caso revelá-lo. Vale notar, porém, que é interessante -e mereceria um melhor desenvolvimento- a idéia de um amor que atravessa décadas, apesar da distância dos parceiros.
A notar, ainda, que Jessica Tandy se dá bem com certas audácias de sua personagem (como ficar completamente nua, na sua idade).
Mas, no conjunto, já esteve melhor em outros filmes. E Bridget continua ótima.

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