São Paulo, sexta-feira, 1 de dezembro de 1995
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Justiça absolve o "Schindler" suíço

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um chefe de polícia da Suíça condenado em 1940 por salvar a vida de 3.000 judeus foi absolvido ontem, 23 anos após a sua morte.
Paul Grueninger falsificou passaportes de judeus evitando que eles fossem levados a campos de concentração nazistas.
Por esse ato o militar foi condenado a pagar uma multa por "desrespeito a suas obrigações" e "falsificação de documentos".
O juiz Werner Baldegger disse ontem que Grueninger tinha fortes razões para fraudar os registros. "E, sendo assim, está absolvido".
A sessão ocorreu no mesmo tribunal onde o Grueninger foi condenado e punido há 55 anos.
Em 1938, a Áustria foi ocupada pelos alemães. Muitos judeus fugiram para a Suíça. Mas em 19 de agosto do mesmo ano o governo de Berna, capital suíça, decidiu fechar suas fronteiras e suspender as repatriações de judeus.
Naquela época, Grueninger era chefe da polícia do Cantão de St. Gallen (leste da Suíça), principal cidade na fronteira com a Áustria.
Ele decidiu alterar a data de entrada dos passaportes dos judeus, fazendo as autoridades acreditar que eles já estavam no país antes do fechamento das fronteiras.
O oficial suíço financiou, com a ajuda de amigos, a construção de um acampamento para acomodar os refugiados em St. Gallen.
"Quem, como eu, teve a triste oportunidade de presenciar os lamentos, as tentativas de suicídio, simplesmente não poderia ficar sem ação", disse Grueninger em 1939, ao explicar os motivos que o levaram a ajudar os refugiados.
O novo julgamento foi reaberto em St. Gallen após a família do oficial ter insistido durante anos que a Justiça o reabilitasse.
Paul Rechsteiner, advogado da família de Grueninger, disse que o tribunal suíço que julgou o oficial em 1940 poderia não saber, ou não queria saber, da morte certa dos judeus levados de volta para a Áustria.
Grueninger foi reabilitado também das acusações de tomar dinheiro dos judeus e exigir relações sexuais em troca da vida na Suíça.
Os ex-refugiados beneficiados conseguiram provar que as acusações eram falsas.
O caso ocorreu no mesmo ano em que o governo suíço, pela primeira vez, se desculpou pelo tratamento dado aos judeus antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Ex-refugiados judeus que ainda estavam vivos foram ao julgamento. "Ele salvou a minha vida", disse Susi Haber, 73, após ouvir o veredicto.

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