São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Entre grampos

Governador de Minas, Tancredo Neves articulava sua candidatura a presidente no Colégio Eleitoral. No estilo café-com-leite, sonhava com um vice paulista: Antonio Ermírio de Moraes.
Paranóico em questão de sigilo de informações, Tancredo não falava sobre o assunto ao telefone. Mas também não podia ir a São Paulo negociar com o empresário nem com o governador Franco Montoro -para não despertar suspeitas em seu adversário, Maluf.
A solução foi enviar um emissário para conversar com os dois, sob recomendação de manter sigilo absoluto. Na volta, mandou que o mensageiro fosse ao Palácio das Mangabeiras, onde morava. Levou-o até a piscina, para evitar eventuais grampos dentro da casa, e pediu que começasse o relato.
Mão no bolso do paletó, Tancredo ouvia quieto. Só interrompia para saber mais detalhes:
- O que ele fez nessa hora? Olhou para onde? Se levantou?
O segredo foi em vão: a história vazou porque um dos envolvidos contou para a mulher, que comentou o assunto no cabeleireiro.

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