São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Estudante diz que não é herói

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de passar 36 dias em cativeiro, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira Filho, 21, se disse surpreso com sua própria celebridade e com a repercussão de seu sequestro.
"Não sou um herói. Nunca fiz nada para merecer ser um herói, como o Ayrton Senna fez. Eu fui apenas um emblema de uma mobilização popular contra uma situação de violência que estava atravessada na garganta de todo mundo", afirmou.
Vieira Filho deu ontem uma entrevista coletiva na sede da Firjan.
A seu lado estavam sentados seu pai, presidente da Firjan, e Carlos Manoel, presidente do sindicato dos metalúrgicos do Rio e um dos líderes do movimento Viva Rio.
"A presença do Carlos Manoel aqui tem um simbolismo. A mobilização social que fizeram por causa dos sequestros foi gigantesca e uniu todo mundo com um mesmo propósito", disse o estudante, que vestia uma camiseta igual às que foram usadas na passeata Reage Rio, terça-feira.
Apesar de se dizer ainda inseguro para sair de casa normalmente, como fazia antes do sequestro, Vieira Filho disse que não pensa em mudar de cidade.
" Vale a pena morar no Rio e valerá ainda mais com a conscientização que essa mobilização toda gerou", afirmou.
O estudante fez um apelo para que as pessoas não deixem de ligar para o disque-denúncia. "Imagine seu filho lá. Tem que ligar para o disque-denúncia", pediu.
Brincando o tempo todo com os fotógrafos, que só o fotografavam quando estava coçando o nariz, Vieira Filho contou como foi importante ter estado no cativeiro junto com o empresário José Zeno.
"A gente fazia de tudo para fugir da realidade. A gente ficava vendo filmes na televisão e se colocando no lugar dos personagens", contou
Ele também afirmou que estar no mesmo cativeiro que uma pessoa que, na época do seu sequestro, estava em poder dos sequestradores havia quase três meses, foi um motivo de alívio.

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