São Paulo, sábado, 2 de dezembro de 1995
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Sarney quer explicação do governo dos EUA

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Congresso, senador José Sarney (PMDB-AP), quer cobrar do governo dos Estados Unidos explicações sobre as acusações feitas pelo secretário de Comércio norte-americano, Ron Brown, contra parlamentares brasileiros.
Brown teria afirmado que o escândalo do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia) foi estimulado por empresas que perderam a concorrência para a norte-americana Raytheon, contando com a ajuda de parlamentares brasileiros.
Sarney disse que, após "analisar" as afirmações do secretário dos EUA, poderá encaminhar ofício ao Ministério das Relações Exteriores brasileiro para que interpele o Departamento de Estado daquele país sobre o assunto.
"Este tipo de declaração não faz parte do relacionamento normal entre os países. Não é normal que o funcionário de um país faça julgamento de uma autoridade de outro país", afirmou Sarney.
Brown chegou a fazer lobby junto às autoridades brasileiras para que a Raytheon fosse escolhida pelo governo para ser a empresa responsável pelo Sivam.
O secretário em suas últimas declarações não citou os nomes das empresas perdedoras que estariam por trás das denúncias de irregularidades, mas disse que o objetivo delas é anular o contrato com a empresa dos EUA.
Mudança
Sarney, que vinha defendendo que o Senado deveria limitar-se a analisar os "aspectos técnicos" do Sivam, mudou de idéia.
"Esse assunto já está contaminado pelos aspectos políticos e não pode mais ser examinado apenas do ponto de vista técnico. O Sivam tornou-se o grande fato político do país", disse.
Sarney evitou comentar se o governo federal deve cancelar o contrato com a Raytheon. No entanto, reconheceu que "a polêmica em torno do assunto está se tornando incômoda".
O presidente do Congresso criticou a Câmara dos Deputados por estar realizando investigação paralela ao do Senado sobre o Sivam.
Segundo ele, isso configura uma "superposição" e para evitá-la o ideal é que houvesse uma coordenação única dos trabalhos feitos pelas duas Casas.
Apesar disso, Sarney afirmou que não vê prejuízos. "O Senado vai analisar o projeto em si e a Câmara está exercendo seu poder de fiscalização", disse.
O peemedebista defendeu a decisão do presidente Fernando Henrique Cardoso de convocar o Conselho de Defesa Nacional -do qual faz parte- para opinar sobre o Sivam.

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