São Paulo, domingo, 3 de dezembro de 1995
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Empresas investem em merchandising

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Empresas apostam no merchandising em novelas para divulgar produtos e serviços. Inserir a marca em uma trama sai mais caro do que veicular um comercial de 30 segundos, mas o anunciante pega o telespectador atento.
O custo é sempre compatível com a audiência. A novela das oito da Globo é o espaço mais caro para uma ação de merchandising -um close do produto, uma cena de consumo ou um rápido diálogo para enaltecer suas qualidades.
A Folha apurou que uma ação em "Explode Coração" custa cerca de R$ 90 mil e a veiculação de um comercial de 30 segundos no horário fica em torno de R$ 65 mil -atualmente, a novela atinge 45 pontos de audiência (cerca de 4,5 milhões de telespectadores na Grande São Paulo).
"Pagamos de 30% a 40% a mais pelo merchandising, mas vale a pena. Nessa hora, o público presta mais atenção", diz Giulia Caleffi, 27, gerente de mídia da Data Control.
A escola de computação já investiu R$ 3 milhões no setor. Participou de "A Próxima Vítima", ainda aparece em "História de Amor" e, a partir de janeiro, entra na trama de "Explode Coração" (com, no mínimo, 15 ações).
Em "História de Amor", no horário das 18h, o ator que mais faz merchandising para a Data Control é Angelo Paes Leme, 22, que vive o personagem Caio. "Desde que a ação pareça natural, não me importo", afirma Leme.
O ator envolvido na cena e o autor da novela recebem cachê por cada ação de merchandising -um valor fixo ou uma porcentagem. "Fazemos sugestões na hora de adequar o produto à trama. No final, todos saem ganhando", diz Eloi Zanetti, 48, diretor de marketing de O Boticário.
Desde 1985, a empresa de cosméticos divulga seus produtos na novela das sete ou na das oito da Globo, com um mínimo de dez ações por trama. O investimento é de R$ 1,2 milhão por ano no setor.
"O retorno é garantido. As pessoas ainda confundem realidade com ficção. Quando chegam às lojas, pedem o perfume da novela", diz Zanetti.
Outra vantagem do merchandising é "pegar a audiência cheia" do horário. "O índice cai durante os intervalos comerciais. É o momento de ir ao banheiro ou até a cozinha", diz Eloy Paulo de Abreu, 61, diretor da agência de publicidade da Antarctica.
Os produtos da empresa aparecem nas novelas das seis, das sete e das oito da Globo (cada uma conta com três ações por mês). "Usamos o espaço há quase 20 anos", conta Abreu.
A única preocupação na hora de inserir os produtos é não forçar ma situação. "Quando malfeito, o mechandising cria uma antipatia", afirma Elie Cohen, 28, diretor comercial da Lovable Lingerie.
A empresa faz merchandising em "A Idade da Loba", da Rede Bandeirantes -a marca aparece em destaque até na abertura da novela. O investimento foi de R$ 400 mil (incluindo dez ações no decorrer da trama).
A novela atinge uma média de três pontos de audiência (cerca de 300 mil telespectadores na Grande São Paulo). "Na Globo, a audiência é maior, mas o público de 'A Idade da Loba' é o que mais se enquadra no perfil do nosso consumidor", afirma Cohen.

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