São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995 |
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Cavallo quer crédito especial do Brasil
SÔNIA MOSSRI
"Em princípio, gostaríamos de um regime de compensação para o déficit de US$ 800 milhões acumulados pela Argentina em relação ao Brasil, na área automobilística, no período de 92 a 94". Cavallo chegou ontem no final da tarde a São Paulo para participar hoje do seminário "Estabilização e Mercados Emergentes", que faz parte da solenidade de inauguração do Centro Tecnológico Gráfico-Folha. No início da noite, ele assistiu show em comemoração aos dez anos da Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo, "Saudade do Brasileiro", em homenagem a Tom Jobim. Logo depois, Cavallo foi jantar com o ministro do Planejamento, José Serra, no restaurante Massimo. Os dois estavam acompanhados do embaixador do Brasil em Buenos Aires, Marcos Azambuja. Prato principal O prato principal do jantar foi a busca de um acordo entre Brasil e Argentina no setor automobilístico antes da reunião dos ministros da área econômica dos países do Mercosul (Mercado Comum do Sul), na quarta-feira, em Punta Del Este (Uruguai). O secretário da Indústria e Comércio da Argentina, Carlos Margarinos, passou toda a semana passada em Brasília negociando um modelo automobilístico comum aos dois países. Apesar de Cavallo repetir que os dois países estão "avançando positivamente" nas negociações, os argentinos temem que a proposta brasileira gere um sistema de cotas informais. O Brasil alega que pretende adotar mecanismos semelhantes aos implantados por Cavallo na Argentina, ou seja, as importações estão limitadas ao volume das exportações de veículos. Cavallo rejeita o termo cota. Ele disse que o modelo argentino implica em compensações para as indústrias que mais exportaram, mediante convênio com o governo. Com a economia em recessão (queda da atividade econômica), a Argentina precisa aumentar as exportações para o Brasil. Cavallo está otimista. Ele não aposta em queda significativa das vendas de produtos argentinos para o Brasil como consequência de um eventual desaquecimento da economia nacional. "Não vamos manter o mesmo ritmo de exportações do segundo semestre de 94, impulsionado pelo Plano Real", avisou o ministro argentino. Mesmo assim, ele avalia que continuará ocorrendo crescimento, como nos segmentos de produtos lácteos. Uma mesa de economistas críticos ao Real dividiu o mesmo restaurante com Cavallo e Serra. Em mesa separada, jantavam a deputado Maria da Conceição Tavares (PT-SP), Luiz Gonzaga Belluzo e João Manoel Cardoso de Mello. Texto Anterior: FHC anuncia nesta semana novo presidente do Incra; há 4 cotados Índice |
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