São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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É tempo de reformulação no Corinthians

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Corinthians se despediu da temporada, no sábado, com uma goleada, como se diz hoje em dia (antigamente, resultado de 3 a 0 ou 3 a 1 era chamado de placar clássico), sobre o Vasco.
Mas o que restou foi um travo amargo de desesperança. Afinal, o Vasco, que entrou em campo com um time de juniores, jogou quase toda a partida com dez e até nove jogadores. Fez um gol logo de cara e o Corinthians teve de suar sangue para reverter a situação, o que ocorreu só no fim da partida.
Assim, a imagem que ficou desse Corinthians, que atingiu o ápice da temporada com as conquistas do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, é a de um time que carece de reformulação.
Não arriscaria dizer que seja uma reformulação profunda. Mais precisamente, o Corinthians precisa atacar um grupo de reforços para algumas posições vulneráveis. Por exemplo: as duas laterais. Tudo indica que Vítor, a esperança frustrada de um novo Zé Maria, será devolvido para o São Paulo, e a lateral direita ficará em aberto, já que não há, nem entre os juniores, no Parque, nenhum titular em expectativa. Aliás, por falar em Zé Maria, por que não tentar esse menino, lateral-direito da Lusa, que se revelou definitivamente neste ano? É firme, articulado, ataca bem, chuta forte, e, por isso mesmo, está na mira de Zagallo para compor o elenco da Olimpíada de Atlanta.
E já que a Lusa está ali mesmo, vizinha ao Parque, não custa nada investir também sobre o outro lateral, Zé Roberto, este sim mais do que uma promessa.
Para a zaga, chegou Alexandre, do Criciúma. É jovem, forte e foi muito falado neste Campeonato Brasileiro. Espero pra ver, pois o pouco que vi não me entusiasmou. De qualquer forma, lá estão Célio Silva, Henrique e André Santos para dar conta do recado.
Falta, porém, um parceiro para Zé Elias, no meio-campo. Fala-se na volta de Bernardo. Pode ser. Mas lembram-se de Moacir? Era o Mr. Corinthians; jogou demais na breve passagem pelo Parque. Tanto que o trouxeram de volta. Foi um fiasco. Nem sempre a magia se repete.
Mas o grande problema está mesmo lá na frente, na vaga deixada por Viola.
A saída? Basta olhar novamente para o vizinho da marginal: Bentinho, que está no Japão, mas cujo passe pertence ainda à Lusa, cairia como uma luva, se servido por Marcelinho, Souza e Elivélton.
É só meter as caras, Corinthians.

Ontem, vi, pela primeira vez, Baggio e Savicevic juntos no Milan.
O técnico dizia que essa alquimia não daria certo: ambos são excessivamente técnicos, ofensivos demais etc.
O Milan ganhou do Lazio, em Roma, com um gol solitário de Weah, em jogada pessoal. Mas poderia ter enfiado quatro ou cinco só no primeiro tempo, com Baggio e Savicevic no centro de jogadas vertiginosas.
Isso me faz lembrar da Copa de 70, quando o técnico Valcareggi negava-se a colocar no mesmo time Sandrino Mazzola e Rivera, os dois craques do futebol italiano, em nome da segurança.
Levou de 4 a 1 do Brasil na final e mereceu aquele apodo que toda torcida do mundo reserva aos treinadores teimosos que não se rendem ao fascínio do craque: burro.

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