São Paulo, segunda-feira, 4 de dezembro de 1995
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O caso dos armazéns; Reage Rio; Funcionalismo esquecido; Índios no rádio; Convite; Adeus Telê; Arrendar sim, doar não; Exemplo; Revolta; EUA não é exemplo

O caso dos armazéns
"Embora com alguns dias de atraso, venho contestar a matéria publicada pela Folha no último dia 21 de novembro, sob o título 'Armazéns públicos viram depósito de sucata'. Durante o meu governo construímos 91 armazéns comunitários, de comum acordo com os 91 municípios beneficiados, para o atendimento de pequenos produtores. Se alguns deles tiveram sua utilização desviada, os atuais governos, do Estado e dos municípios, devem tomar as providências. E a Folha deveria insistir nisso, em vez de condenar a construção dos armazéns. Um dos graves problemas da agricultura brasileira sempre foi a estocagem. Uma outra informação que revela o desconhecimento ou o interesse político de quem escreveu a matéria foi de que 'há casos de cidades que nunca tiveram safras de grãos'. Não é verdade. Não existe nenhum município do Estado sem a presença de pequenos agricultores produzindo grãos. A reportagem diz que muitos armazéns foram construídos em cidades cuja produção é cana-de-açúcar e pecuária. Ora, é exatamente nos municípios onde predomina a monocultura que se faz necessária a colaboração aos pequenos produtores, que existem em todos os municípios, sem nenhuma exceção. O programa de televisão no qual mostramos os armazéns comunitários estava absolutamente correto. A reportagem da Folha é que estava errada."
Orestes Quércia, ex-governador de São Paulo (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Luiz Malavolta - A Agência Folha visitou cinco municípios e constatou que os armazéns tiveram sua finalidade desviada. O próprio secretário de Agricultura de Quércia, Antônio Tidei de Lima, disse ter descoberto, depois de implantados os armazéns, que não havia problemas de estocagem. Constantino Fernandes, prefeito de Igaraçu do Tietê, cidade em que 98% das terras agrícolas são ocupadas por cana, informou que nenhum produtor de grãos procurou o armazém.

Reage Rio
"A leitora Judith Ramos afirma em sua carta (1/12) que a cobertura da Folha sobre o Reage Rio foi um ultraje. Não tenho procuração para defender o jornal, nem é esta minha intenção, mas entendo que a Folha reproduziu fielmente aquilo que foi o evento face às dimensões reais em que ele ocorreu. Dizer que um órgão de imprensa de âmbito nacional e independente "privilegia São Paulo" é desviar o foco do problema para questões menores, como a rivalidade São Paulo-Rio. Ultrajante foi a não-participação das principais autoridades da cidade no evento".
Oswaldo Luiz Donatelli (São Paulo, SP)

Funcionalismo esquecido
"O alcaide desta metrópole prometeu, em seu discurso eleitoreiro, pagar um salário digno às professoras, enaltecendo-nos pelo gratificante trabalho que prestamos. Com o passar do tempo, vemos megaempreendimentos e quantias fabulosas saírem da prefeitura: R$ 1,2 milhão para a TV Globo pela transmissão da maratona, 40 ambulâncias no valor de R$ 38,95 mil. Com tanto dinheiro que jorra dessa fonte inesgotável, que tal pensar em um reajuste real para o funcionalismo?"
Elizete Torres (São Paulo, SP)

Índios no rádio
"Estou indignado! Li que a Rádio Nacional da Amazônia vai transmitir, para o mundo, um programa apresentando índios brasileiros falando suas próprias línguas, com tradução simultânea para inglês, francês, alemão e outros idiomas. O mais preocupante é que os nativos serão entrevistados por representantes de ONGs estrangeiras. É um erro e uma ingenuidade expor ao mundo os silvícolas brasileiros como pertencentes, erroneamente, a nações independentes. Essas ONGs são fachadas dos países do Primeiro Mundo. Querem, há tempo, impedir a soberania brasileira sobre a Amazônia. Precisamos estar atentos para não nos tornarmos cúmplices das ações que visam a internacionalização da Amazônia."
Pedro Assis do Couto e Silva (Brasília, DF)

Convite
"Visto que o assunto igrejas evangélicas parece tão interessante, convidamos os senhores a realmente visitar e participar de cultos evangélicos. Ouvirão a palavra de Deus, receberão o amor e o carinho dos irmãos, conhecerão Jesus Cristo como o mais íntimo amigo e, principalmente, vão parar de falar bobagens e generalizar a crítica e a gozação contra todos os cristãos evangélicos do Brasil."
Silvia Carvalho, pastora, seguem-se mais 22 assinaturas (São Paulo, SP)

Adeus Telê
"O São Paulo Futebol Clube, hoje, é um time irreconhecível. É notório o desgaste do sr. Telê Santana junto aos atletas, torcida e até alguns diretores. A permanência do atual treinador no comando da equipe, após péssima campanha nos torneios de 1995, é sem dúvida querer ficar sem títulos na próxima temporada. Sou admirador do trabalho do sr. Telê, mas algumas atitudes do treinador são de lascar. Queremos um time competitivo, e o elenco atual oferece condições para tal."
Sandro Rodrigues (Jandira, SP)

Arrendar sim, doar não
"Reforma agrária da maneira que se faz no Brasil é inconstitucional. Não se deve passar o título da terra para o cidadão. Deve-se sim dá-la em forma de arrendamento, e aquele que não produzir perde o direito de nela permanecer. O Brasil é de todos nós. Não é justo beneficiar uns e outros não. O cidadão honesto, trabalhador e ordeiro não invade terra alheia. Esses vândalos que estão por aí promovendo estragos em propriedades alheias não querem trabalhar, querem mesmo é receber um pedaço de terra e depois vendê-la para tomar cachaça. São tão preguiçosos que, se receberem a terra já preparada para o plantio, e a semente para semear, são capazes de comer a semente e depois dizer que o governo lhes faltou com o apoio. Arrendar sim, doar não."
Ezequias Moreira (Brasília, DF)

Exemplo
"A derrota do Lech Walesa na Polônia serve de exemplo para nós brasileiros. Os poloneses experimentaram e não gostaram de um líder sindical governando o país. O homem que falava com tanta bravura nada fez como governante. O candidato vitalício do PT, Luis Inácio Lula da Silva, pode tirar o cavalo da chuva. Esse exemplo que os poloneses tiveram muito contribuirá para que os brasileiros não cometam a mesma tolice."
Daniel Rodrigues (Brasília, DF)

Revolta
"Em 25/11, assisti, revoltado e impotente, duas moças sendo assaltadas na avenida Tiradentes, em frente à Polícia Federal e a poucos metros da Rota. Policial na rua no momento? Nenhum. Na entrada do túnel Ayrton Senna há uma viatura e um guarda metropolitano 24 horas por dia, dando segurança a um monumento. Nosso prefeito está certo: cidadão comum não dá voto."
Emilio Ramirez Salinas (São Paulo, SP)

EUA não é exemplo
"Referindo-se à educação (29/11), José Carlos de Almeida Azevedo propõe: 'Por que não copiar a dos EUA, que têm o melhor sistema educacional da atualidade?' Em primeiro lugar, desculpe-nos, os EUA não têm o melhor sistema educacional da atualidade. Em segundo lugar, é verdade, como bem afirma, que os EUA 'cobram o que querem, dão diplomas de variadas ordens -PhD em hotelaria, por exemplo- e até por correspondência e computador'. Mas, por favor, não precisamos desses exemplos."
Aloísio Surgik (Curitiba, PR)

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