São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Relator consegue adiar quebra de sigilo de Chedid

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Eurico Miranda (PPB-RJ) conseguiu ontem adiar para a terça-feira a votação da quebra do sigilo telefônico de Marquinho Chedid (PSD-SP). Miranda, entretanto, defendeu a quebra do próprio sigilo, o que foi aprovado.
A presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Bingos, Zulaiê Cobra (PSDB-SP), quis colocar em votação a quebra do sigilo, mas Miranda se opôs.
Chedid é acusado de exigir dinheiro de donos de bingos para livrar as casas de jogo de investigações pela CPI. Miranda também é citada nas acusações.
Zulaiê disse que o próprio Chedid havia defendido que a CPI quebrasse seu sigilo. Chedid, então, deixou a sessão. Miranda argumentou que não era bem isso: "Ele disse que colocava as informações à disposição."
A deputada pediu que dois colegas fossem ouvir a declaração de Chedid. Padre Roque (PT-PR) voltou com a versão final: "Chedid disse que no dia do seu aniversário tinha colocado seu sigilo à disposição da comissão de sindicância (da Câmara)".
A CPI decidiu deixar para terça-feira, com a presença de Chedid, a quebra de seu sigilo.
Padre Roque propôs que a CPI votasse a quebra do sigilo telefônico e bancário de todos os seus membros, mas, neste caso, Zulaiê se opôs. "Seu pedido é maior do que a vontade dos deputados."
Eurico Miranda disse que vai entregar até amanhã seu relatório, que propõe regras mais rigorosas para as casas de bingo.
Até terça-feira, segundo ele, o relatório deve ser votado. Ele afirma que os 35 bingos investigados pela CPI têm irregularidades.
Ontem foi ouvido o advogado Francisco Franco, acusado por Ricardo Steinfeld, dono do Bingo Liberty, de São Paulo, de intermediar a chantagem de Chedid. Franco negou a acusação.
"Sacrificado"
O advogado de Chedid, Alberto Rollo, disse ontem que seu cliente será "sacrificado". Rollo, que esteve ontem com o corregedor da Câmara, Beto Mansur (PPB-SP), foi advogado do ex-deputado Onaireves Moura, cassado sob a acusação de receber dinheiro para mudar de partido. "Só existem indícios, e não provas, contra o Chedid. Mas esta Casa é política."
Ele não quis explicar se o sacrifício que prevê para seu cliente inclui a cassação. "Interprete como quiser"', disse à Folha.

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