São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Doidão por snowboard

CARLOS SARLI

Uma urologista de 25 e um executivo de 60 anos. Em comum, iniciar no snowboard.
Jennifer é uma bonita doutora residente em Chicago. Dave Gorsuch é proprietário da maior loja de equipamentos para esqui em Vail e de outras espalhadas pelas montanhas do Colorado. Ambos praticam esqui na neve desde quando contavam suas idades em apenas uma das mãos.
Os dois e outras 13 pessoas, eu inclusive, formaram o heterogêneo grupo que na semana passada participou do Delaney Snowboard, um "camp" de dois dias para adultos aprenderem a praticar o esporte, ministrado pelos irmãos Brian (campeão norte-americano) e Kevin Delaney (campeão mundial overall 93/94).
Seis e meia da manhã, ainda escuro, estou na recepção do Jerome, o mais tradicional hotel de Aspen, à espera da van que me levará a Vail, que neste começo de temporada apresenta melhores condições. Na parede, o termômetro marca 5 graus Fahrenheit, algo em torno de menos 15 graus Celsius. A neve não pára de cair há três dias.
Duas horas mais tarde estamos na base de Lionshead prontos para pegar a gôndola. O equipamento, cedido pelo curso, já ajustado e checado.
O staff inclui três pessoas para cuidar do equipamento, dos tickets para as refeições e lifts, filmagens, e mais quatro instrutores, sendo duas garotas.
Logo no aquecimento e alongamento, o grupo já começa a se integrar com exercícios onde um se apóia no outro e todos entre si. Sempre sobravam uns no chão. Em seguida, as inevitáveis instruções de como andar com apenas um dos pés preso à prancha, como sair do lift etc. Um tipo de bastão resistente e flexível, inventado por Kevin, reduz sensivelmente os tombos. O grupo vai sendo dividido entre os que evoluem mais e menos. Ao fim do primeiro dia, todos se encontram numa sala de reuniões e trocam experiências enquanto assistem a suas manobras e tombos filmados durante o dia.
Na manhã seguinte, subimos assim que a gôndola começou a funcionar, às 9h. A maioria já não usava o bastão. As curvas começavam a dar certo para os dois lados e controlar a velocidade foi ficando mais fácil. Um instrutor sempre estava por perto, e a sensação era de uma evolução rápida.
Ao fim do dia, 5 dos 15 inscritos estavam aptos a fazer uma pista azul (intermediária) até a base, e eu era um deles. Alguns tombos e muitas curvas mais tarde, nos reunimos novamente no salão. Cerveja, pizza, muitos brindes dos patrocinadores do curso e alguns discursos. Todos exaustos e de cabeça feita.
Desde que comecei a pegar onda, lá se vão duas décadas, experimentei um bocado de novos esportes. Gostei de todos: pára-quedismo, alpinismo, windsurfe e mais um monte. Chegava ao fim das experiências satisfeito por ter realizado mais uma. Com o snowboard fiquei triste. Depois do curso tive mais dois dias para treinar sozinho, e foi muito pouco. Não dá pra parar.

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