São Paulo, quinta-feira, 7 de dezembro de 1995
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Grão-rabino defende religiosos

HELIO GUROVITZ
EDITOR-ASSISTENTE DE CIÊNCIA

O grão-rabino israelense Israel Meir Lau, 58, defendeu ontem em São Paulo a comunidade de judeus religiosos de acusações sofridas após o assassinato do premiê de Israel Yitzhak Rabin, dia 4 de novembro, em Tel Aviv.
"Anti-semitas durante a história judaica sempre culparam o coletivo, responsabilizaram toda a comunidade pelos pecados de uma pessoa. É contra a moral e contra a Bíblia", afirmou Lau em entrevista exclusiva.
Segundo ele, é verdade que o assassino confesso de Rabin, Yigal Amir, passou por instituições educacionais religiosas.
"Mas alguns políticos usaram o assassinato para colocar uma marca em todos os que se opõem ao processo de paz e nos rabinos", disse à Folha. "Nenhum rabino em Israel daria permissão para alguém causar algum dano ou matar um ser humano."
Chefe do rabinato há três anos, Lau é o líder religioso dos judeus ocidentais (asquenazitas). Descentralizado, o rabinato israelense tem outro chefe para judeus da Espanha e Oriente Médio (sefarditas).
Como sacerdote, ele não é diferente dos demais. Apenas ocupa uma posição de maior prestígio e tem mais autoridade.
Ele veio ao Brasil por seis dias a convite da Fundação Ten Yad e do Conselho de Religião da Federação Israelita do Estado de São Paulo. Anteontem, encontrou-se com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Fui muito bem recebido. Trouxe a Fernando Henrique lembranças do premiê Shimon Peres, que não pôde vir ao Brasil por causa da tragédia. Quando FHC for a Israel, vou esperá-lo no tapete vermelho."
O rabino Lau nasceu em 1937 em Pyotrakov (Polônia) numa família de rabinos, da qual ele representa hoje a 37ª geração.
Esteve preso em dois campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.
Foi libertado no campo de Buchenwald antes de completar oito anos. "Minha vida não valia uma casca de batata. Não tinha nome, era só um número: 117.030-Buchenwald", afirmou.
Tendo perdido pai e mãe, Lau emigrou para Israel com um grupo de 200 órfãos, no primeiro navio que teve autorização para aportar depois da guerra na então Palestina, sob domínio britânico.
Rabino desde 1971, ele foi escolhido há três anos para chefiar o rabinato israelense.
Desde então, já viajou por vários países tentando "criar um bom entendimento entre judeus de Israel e da diáspora."

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