São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995 |
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Gastos públicos e globalização
RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA O equilíbrio orçamentário tem tudo a ver com a globalização da economia.Despesas superiores a receitas geram desequilíbrios que afetam até as instituições. A França, que é um dos principais pilares da União Européia, experimenta desequilíbrio orçamentário que está incomodando governo e povo. Aquele, tomando medidas que interferem no cotidiano dos cidadãos, acarretando a união destes e a deflagração de greves até em atividades essenciais. Pode-se mesmo afirmar que o futuro da União Européia está sendo testado na França. Se o equilíbrio orçamentário com apoio do povo não for resolvido, os riscos serão grandes para a França e poderão afetar a união monetária européia, com consequências para toda a economia mundial. O problema é complexo. O país precisa reduzir o seu déficit orçamentário, enfrentar o problema do desemprego e manter a estabilidade da moeda. O presidente Jacques Chirac, quando em campanha, dizia que a política não é a arte do possível, mas a arte de fazer possível o que é necessário. Se o governo francês não conseguir mudar, sua política poderá ser forçada a escolher entre viver com altas taxas de desemprego ou comprometer compromissos com a união monetária européia. Em outras palavras, lá como cá, é preciso combater com energia os déficits públicos com participação e apoio do povo -portanto, sem recessão econômica. O milagre japonês também aponta suas dificuldades. Naquele país, a taxa oficial de desemprego (3,2%) é a mais alta dos últimos 50 anos. Pesquisas extra-oficiais indicam que a taxa real beira os 9%, se computados os que procuram empregos, mas não estão registrados. Os países que integram o Mercosul enfrentam os mesmos problemas. É verdade que, no Brasil, o plano de estabilização da economia tem se revelado correto nas suas grandes metas. Entretanto, a taxa de juros, o nível de desemprego no setor industrial e o equilíbrio das despesas públicas ainda não foram domados, exigindo providências. A inflação está sob controle e o Real é um sucesso internacional: conhecido e respeitado. Em 1997, a União Européia estará revisando o tratado de Maastricht. É preciso que os países que integram o importante bloco equilibrem seus Orçamentos, mantendo suas moedas estáveis. A grande pergunta que se faz na Europa é se a França conseguirá atingir tais objetivos, como prometeu o então candidato Jacques Chirac. Não nos esqueçamos do que ele próprio afirmou: a política é a arte de fazer possível o que é necessário. Texto Anterior: Um ano e meio de Real: a ameaça do déficit Próximo Texto: Aumenta nível de desemprego nos EUA Índice |
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