São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Kart

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Greve na França é coisa séria e a FIA teve que adiar a cerimônia de premiação de 1995, que é chamada de Gala.
O rega-bofe deveria ter acontecido ontem em Mônaco. Mas foi transferido para a próxima semana e deverá acontecer em Londres.
Tem prêmio e troféu para todos os gostos, mas apenas três campeonatos ganham, por parte da FIA, a designação "Mundial": F-1, rali e kart.
A F-3.000, por exemplo, é um campeonato internacional, ou seja, não dá para dizer que fulano obteve o título mundial.
Mas por que o kart recebe esse nobre tratamento? Óbvio, existe um campeonato mundial. Mas também porque é desses pequenos monopostos que surgem talentos.
Ao lado de Michael Schumacher, bi da F-1, e de Colin McRae, o primeiro inglês a conquistar um Mundial de Rali, estará um brasileiro de 19 anos.
Gastão Fraguas conquistou este ano o título no Mundial de Kart na Fórmula A, uma das mais importantes da competição.
Um resultado notável para o automobilismo do Brasil, que alternou desgraças e decepções nos últimos tempos.
Para muitos, Gastão fazia uma loucura ao deixar o país no começo do ano para ir morar e estudar na Bélgica, transferência provocada não pelas categorias monomarca ou pela 3.000. Mas pela carreira no kart.
E mesmo depois de obter o título, pretende permanecer no kartismo por mais uma temporada para depois ascender.
Gastão pode me contradizer em 96, mudando de planos, mas segue pela contramão do que acontece hoje no Brasil.
Pilotos de talento e alguns aventureiros sobem rápido demais. Uns dão certo, a maioria cai. Não poderia ser diferente.
Pular etapas é válido. Mas é preciso maturidade para correr esse risco -o que é raro.
Posso estar insistindo nesse assunto mas acredito de fato que as tão decantadas safras de novos pilotos passou de tendência a clichê, se tornando um verdadeiro pega-pra-capar.
Acho que a solução passa pelos regulamentos e pelo crescimento do automobilismo nacional.
O momento é propício. A moda do kart indoor deve servir não só para enriquecer seus donos -e boa parte deve fechar quando a onda passar, é sempre assim.
Mas também para o público entender e apreciar cada vez mais o esporte automobilismo.

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