São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995 |
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Pedro Cardoso viverá Gabeira na tela
FERNANDA DA ESCÓSSIA
O filme, que será dirigido por Bruno Barreto ("A Estrela Sobre", "Gabriela"), é baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Gabeira, hoje deputado federal pelo PV-RJ. Fernanda Torres e Cláudia Abreu completam o elenco, como as guerrilheiras Helena e Renée. Barreto -que pretende iniciar as filmagens em 4 de março- diz que não fará do filme um thriller político, mas a história de um rito de passagem de jovens que viveram um engajamento político. Publicado em 1979, "O que é isso, companheiro?" conta a militância de Gabeira na organização guerrilheira MR-8 nos anos do governo militar, o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick em 1969, a prisão e a saída de Gabeira do Brasil. O sequestro do embaixador é o núcleo da ação do filme. O roteiro de Leopoldo Serran começa com a entrada de Gabeira na militância política, mostra o sequestro e termina com a sua prisão. Uma montagem com manchetes de jornais e cenas reais, com a síntese do que aconteceu no país até a anistia e a volta dos presos políticos, em 1979, encerra o filme. As reflexões pessoais do autor sobre política e sexualidade serão transformadas em cenas entre os personagens. Barreto pretende também cruzar a história dos guerrilheiros com a de um torturador. "Vou fazer um filme sobre pessoas, não sobre idéias. O torturador é mostrado da mesma forma que os guerrilheiros. O que a gente mostra é que a extrema esquerda e a extrema direita são duas pontas de uma mesma ferradura", diz, citando uma frase do filme. Helena (Fernanda Torres) será uma militante dedicada à causa política, que se envolve com o personagem de Gabeira. Renée, vivida por Cláudia Abreu, é uma garota tímida que busca na guerrilha respostas para indagações pessoais. A personagem será a segunda militante vivida por Cláudia Abreu. A primeira delas foi Heloísa na minissérie "Anos Rebeldes", da Globo. Barreto diz que a participação da atriz na minissérie de TV ajudou e atrapalhou sua escolha para seu filme. "Mas disse a Cláudia que faria um filme para ela, que ainda não é esse", afirma. Três atores americanos participam do filme, na pele do embaixador Burke (Allan Arkins), sua mulher (Jackqueline Cavas) e o chefe do cerimonial da embaixada (Fischer Stevens). Ainda faltam escolher seis atores do elenco. Gabeira, Toledo e Jonas são os únicos personagens reproduzidos fielmente do livro. Os outros são resultados de adaptações. O filme será produzido pelo patriarca dos Barreto, Luís Carlos Barreto, que comprou os direitos autorais do livro por US$ 6 mil, logo depois que foi lançado. O orçamento do filme é de R$ 2,7 milhões. O projeto teve seis roteiros e vários candidatos a diretor, até cair nas mãos de Barreto. O diretor vive há seis anos nos Estados Unidos e diz que não pretende mais voltar a morar no Brasil. Segundo ele, é muito mais fácil fazer cinema por lá. Seu último filme nos Estados Unidos é "Carried Away", com Dennins Hopper e Amy Irving (mulher de Barreto), e deve ser lançado no Brasil em março, com o título de "Atos de Amor". Texto Anterior: Exposição sobre Freud é cancelada nos EUA Próximo Texto: Houaiss prioriza dicionário em sua gestão Índice |
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