São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995
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Governo francês negocia com grevistas

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

O governo francês começou ontem a ouvir e aceitar reivindicações de sindicatos em greve.
As duas maiores centrais sindicais do país, no entanto, acertaram ontem uma nova manifestação nacional unificada contra o plano de reformas sociais do primeiro-ministro Alain Juppé, na terça-feira.
A Confederação Geral do Trabalho e a Força Operária exigem a retirada do plano Juppé, que corta benefícios sociais, altera a aposentadoria do funcionalismo e aumenta taxas. Juppé continua a dizer que não negocia a reforma.
A CGT e a FO dizem que não negociam o fim da greve enquanto o plano Juppé tramitar no Parlamento, mas as centrais não impediram que sindicatos afiliados se reunissem com o governo.
Os sindicatos dos ferroviários obtiveram uma primeira concessão -o adiamento do plano de reestruturação da estatal das ferrovias.
O ministro do Trabalho e Assuntos Sociais, Jacques Barrot, recebe hoje mais líderes sindicais.
A estratégia do governo é tratar as reivindicações isoladamente, para dividir o movimento grevista. A palavra de ordem "fora com o plano Juppé" foi adotada após o início das greves, depois que o governo ignorou as reivindicações setoriais.
Além de começar a conversar com sindicatos, o governo lança hoje uma campanha de propaganda nos jornais de todo o país. Anúncios de página inteira vão explicar o plano de reforma da previdência social.
Na terceira semana de protestos, aderem à greve cerca de 2,5 milhões dos 5 milhões de funcionários públicos e de estatais.
A paralisação é total nas ferrovias de todo o país e nos transportes públicos de Paris, Marselha e Bordeaux, entre outras grandes cidades francesas.
O movimento é parcial em outras 22 categorias, entre elas a dos professores, eletricitários, pessoal da telefônica, aeroviários e controladores de vôo.
A violência continua a crescer. No segundo dia de conflitos em Freyming-Merlebach (leste), 28 mineiros e 1 policial ficaram feridos em conflitos de rua.
Cerca de 4.000 trabalhadores incendiaram a administração das minas e levantaram barricadas.
Ferroviários em greve continuaram tentando bloquear o Eurotúnel (que liga a França ao Reino Unido sob canal da Mancha).
Nos aeroportos de Paris, o atraso médio dos vôos é de três horas.

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