São Paulo, sábado, 9 de dezembro de 1995 |
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França parada Os protestos dos franceses contra as reformas na Previdência ensejam uma reflexão sobre o Estado de Bem-Estar Social, mais conhecido como Welfare State, depois da queda do Muro de Berlim. Não resta dúvida de que a própria idéia de Welfare State surgiu como uma alternativa "civilizada" ao comunismo, que, no pós-guerra, chegou a contar com a simpatia de boa parte da população da Europa Ocidental. Os governos europeus ocidentais, em especial os social-democratas, parte por convicção, parte para conter o avanço dos PCs, criaram uma rede de proteção social que garantia ao trabalhador algum conforto para que ele apoiasse a democracia e a economia de mercado. Hoje, quando já não há um "perigo" comunista, a construção do Welfare State, embora tenha se tornado um movimento com vida própria, perde uma parte da componente política que a fez surgir. É verdade que o sistema previdenciário europeu acabou se tornando inviável na forma em que foi concebido. A expectativa de vida da população é ascendente enquanto o índice de natalidade (mais trabalhadores na ativa para sustentar os aposentados) é declinante. E isso sem falar no problema maior do desemprego estrutural. Não há mágica. Se se deseja manter a atual rede de proteção social, é preciso conseguir outras fontes de financiamento, ou seja, cobrar mais impostos. Resta saber se os europeus querem manter o Welfare State ou reduzi-lo. Os franceses nas ruas colocam eloquentemente a sua posição, embora não estejamos em maio nem em 1968. Texto Anterior: Liberdade de imprensa Próximo Texto: Baixa e crônica Índice |
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