São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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FHC cumpre papel de chanceler na China

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

A visita que o presidente Fernando Henrique Cardoso faz à China, além de buscar estreitar laços com a China, cicatriza ferida provocada por Itamar Franco em 1994 e coloca o Brasil na lista de países cujos dirigentes fizeram uma peregrinação ao país que, com seu acelerado crescimento econômico, muda a face do planeta neste final de século.
Em 14 de maio de 94, foi anunciado o cancelamento da visita do então presidente Itamar Franco à China. A chegada a solo chinês estava prevista para 23 de maio.
O governo brasileiro alegou "problemas internos". Havia greves no país, em especial na Polícia Federal, e preparava-se a implantação do Plano Real.
A China, no entanto, não se esforçou para esconder irritação pelo cancelamento anunciado poucos dias antes do início da visita. A Folha apurou que já se sentia em Pequim, semanas antes do anúncio, pouca disposição de Itamar Franco para realizar a viagem e retribuir visita feita pelo presidente chinês, Jiang Zemin, ao Brasil.
A diplomacia chinesa avaliou que não era tratada com a mesma atenção dedicada ao Brasil -visitado, nos últimos três anos, por seis dos sete integrantes do Politburo, o órgão máximo de poder do Partido Comunista chinês.
Para o governo de Zemin, o Brasil surge como mais importante parceiro no dito diálogo Sul-Sul, ou seja, entre países em desenvolvimento. Pequim acha que o Brasil representa uma alternativa de aliança, mais política que econômica, para combater pressões feitas pelos países desenvolvidos.
Os chineses se mostram agora satisfeitos com dois detalhes importantes no jogo diplomático: a China é o primeiro país que FHC visita na Ásia, e a viagem é feita ainda em seu primeiro ano de mandato. FHC chegaria ontem à noite a Pequim, ou às 10h de hoje (horário local).
A visita também marca o auge de um ano permeado por visitas de políticos brasileiros atraídos pelo magnetismo do país cuja economia mais cresce no mundo. Passaram por Pequim o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, o ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, os governadores de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, e do Mato Grosso, Dante de Oliveira, e os senadores Romeu Tuma e Benedita da Silva, entre outros.
Nas últimas três semanas, estiveram em Pequim os presidentes do Chile, Eduardo Frei, da Ucrânia, Leonid Kuchma, e de Cuba, Fidel Castro, e o secretário-geral do PC do Vietnã, Do Muoi.

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