São Paulo, terça-feira, 12 de dezembro de 1995
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Para líder, BC erra ao vazar doações e mudança cambial

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Erramos: 13/12/95
O líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), atacou ontem o Banco Central ao comentar o vazamento de informações da pasta cor-de-rosa, com nomes de políticos que teriam sido financiados pelo Banco Econômico em 90.
"A história do (senador) José Eduardo Dutra (PT-SE) até hoje não teve solução. Deve ser alguém do BC que vazou aquilo. O BC tem reincidência nesses fatos."
Alvares se referia à denúncia de Dutra sobre vazamento de informações na mudança da banda cambial em março. Na época, o petista apresentou documentos para provar que houve vazamento de informações privilegiadas a três bancos: BBA, Pactual e ING.
O então presidente do BC, Pérsio Arida, foi ouvido pela Comissão de Finanças e Tributação e também na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. Pela avaliação do BC, nada ficou provado contra ele no vazamento.
O BBA e o Pactual atuavam como "dealers" na época, instituições autorizadas a operar em nome do BC no mercado. O dono do BBA é Fernando Bracher, ex-presidente do BC e amigo pessoal de Arida. Arida tinha se hospedado na casa de Bracher no carnaval, pouco antes da mudança na banda.
Também foi aberta uma comissão de inquérito no BC para apurar o vazamento de informações a Dutra. A sindicância apurou que dois funcionários do BC da área de câmbio tinham passado as informações ao senador. Eles estão na fase de defesa das acusações.
"Vamos torcer para que essa comissão instaurada para investigar o vazamento da pasta cor-de-rosa não seja igual ao do vazamento na banda cambial", afirmou Alvares.
Achou normal a reação do senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) com a divulgação das listas: "Ele não aceitaria uma provocação dessa." ACM chamou a diretoria do BC de "marginal".
Segundo Alvares, o BC ou está fazendo uma má administração ou deve examinar os funcionários que por um impulso político estão revelando fatos que não devem chegar à opinião pública. "O BC não pode permitir que documentos sigilosos sejam divulgados desta maneira, deveria ser mais zeloso."
Alvares não disse que era contra a divulgação do conteúdo da pasta. "O governo não tem interesse em acobertar ninguém, mas lamento a quebra do sigilo bancário."

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