São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995
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FHC cobra solução para caso da pasta rosa

MARTA SALOMON
ENVIADA ESPECIAL A PEQUIM

O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem um desfecho rápido para a crise deflagrada pelo vazamento da pasta cor-de-rosa -que tem registros de doações eleitorais do banco Econômico em 1990- para resguardar a credibilidade do BC (Banco Central).
"É fácil chegar à conclusão de quem foi que vazou, em que momento foi vazado. Não é uma coisa difícil de chegar a um resultado, imagino eu", disse ele durante visita à Muralha da China, o primeiro programa da viagem à Ásia.
"O Banco Central tem um prazo curto para dizer quais são as possibilidades", insistiu.
Embora tenha manifestado dúvidas sobre a origem do vazamento, FHC não descartou, na China, a possibilidade de que o fato tenha partido do próprio Banco Central.
Ele declarou que o responsável será punido. "Se for cargo de confiança, perderá o cargo na hora; se for cargo administrativo, será punido administrativamente", disse.
Antes de partir para a China, no domingo, FHC manifestara total confiança na direção do BC e dissera que nenhum diretor faria uma "inconfidência" dessa natureza.
Ontem, no desembarque no aeroporto de Pequim (às 10h40, dez horas a menos no Brasil), FHC desconversou quando foi perguntado sobre a situação do presidente do BC, Gustavo Loyola. "Muito bem. Que eu saiba, ele está bem de saúde, está ótimo."
A quase 10 mil km de distância do Brasil, o presidente disse que só pensaria "nesses assuntos domésticos" quando voltasse ao país, dia 21.
A disposição do presidente não resistiu ao pequeno descanso na Diaoyutai (plataforma de pesca), a casa oficial de hóspedes do governo chinês. Poucas horas depois, na Muralha da China, afirmou que não toleraria vazamento de informações reservadas do governo.
FHC disse que já determinou a punição dos responsáveis pelo vazamento de informações do Banco Central (sobre movimentações financeiras às vésperas da mudança na cotação do dólar) e da Receita Federal. "Por que mandei punir? Porque o Estado tem que estar mais defendido", afirmou.
E mais: o presidente quer saber por que o documento foi deixado no banco Econômico na época da intervenção, em agosto, e por que o vazamento ocorreu justamente agora, se a pasta estava desde setembro no cofre do Banco Central.
FHC não opinou sobre a intenção de ACM de apresentar novas denúncias contra a direção do BC nem tampouco sobre a intenção dos diretores do banco de processar o senador por tê-los chamado de "marginais".
"Acho que o Antônio Carlos só poderá entrar na Justiça se houver uma base por isso. Da mesma maneira, se houver uma base para os diretores do BC, eles entrarão."
Ao final da entrevista, reiterou a vontade de se afastar da crise da pasta rosa: "Francamente, acho que isso é matéria para quem está investigando, não é matéria para presidente da República".

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