São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995 |
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A licitação burra da Vale
LUÍS NASSIF Está na hora de rever critérios de preço mínimo nas licitações públicas. Um consórcio composto por bancos de reputação nacional e internacional ganhou a segunda nota no critério técnico para a licitação da proposta de privatização da Vale. Foi desclassificado porque o preço apresentado teria sido considerado inexequível pelos critérios da licitação -por ser muito baixo.A irracionalidade de regras desse tipo apenas ajuda na queima de dinheiro público. Não dá para imaginar instituições de tal porte, em um setor que vende credibilidade, manipulando preços à espera de futuros aditivos contratuais. Em países mais inteligentes, definem-se o critério técnico e o critério de preço. Depois de abertas as propostas, reúnem-se todos os participantes aprovados no critério técnico e faz-se leilão, visando reduzir os preços abaixo da menor proposta apresentada na primeira rodada. E estipulam-se penalidades a quem não entregar o prometido. Qualidade A pesquisa anual "Indicadores de Qualidade e Produtividade", da Price Waterhouse, demonstra que a busca da qualidade e da produtividade já integra definitivamente a vida das empresas brasileiras. E comprova que a crise ajudou a acelerar as transformações nelas. A pesquisa constata que o Plano Real induziu 26% das empresas a acelerar seus programas de qualidade e 11% a iniciá-los -contra 3% que interromperam e 11% que reduziram o ritmo. A crise levou, principalmente, a uma reestruturação na gestão administrativo-financeira, a uma ampliação da terceirização e a um esforço maior na melhoria dos indicadores gerenciais. E fez com que o foco estratégico das empresas se dirigisse majoritariamente à redução de custos e ao aumento de produtividade -em 65% das grandes e 81% das médias empresas. Mas não se ficou apenas na retranca. A disputa pela satisfação do cliente envolveu 65% das grandes empresas e 45% das médias. Cerca de 41% das grandes empresas e 32% das médias estão implementando programas de qualidade e produtividade há mais de dois anos, 16% há menos de dois anos e 13% das grandes e 17% das médias há menos de um ano -um indicador eloquente de que a busca da qualidade já se constitui em dado cultural das empresas brasileiras. Securitização A proposta de securitização da dívida agrícola não resiste à menor análise financeira. Pelo acordo firmado, toma-se o crédito de julho do ano passado e aplica-se a TR, mais 11% de juros ao ano (cerca de 80%); converte-se pelo preço do produto e divide-se o pagamento por sete anos. Feitas as contas, o pagamento da prestação vai corresponder a 27% de comprometimento da produção anual do agricultor. Não existe setor na economia capacitado a operar com tal margem de rentabilidade. Segredos O vazamento da pasta cor-de-rosa é segredo de polichinelo. O furo em questão foi da subeditora Sônia Filgueiras, da "IstoÉ". Sônia é jornalista econômica e, segundo a revista, autora do furo sobre a mudança na banda cambial em março. Texto Anterior: Venezuela teme novo câmbio Próximo Texto: Banco Bozzano, Simonsen quer comprar o Econômico Índice |
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