São Paulo, quarta-feira, 13 de dezembro de 1995 |
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Partidos perdidos Encerra-se na próxima sexta-feira o prazo para políticos fixarem definitivamente a legenda pela qual disputarão prefeituras e vereanças no próximo pleito. A própria forma de colocar a questão -fixar o partido pelo qual concorrerão- já dá uma idéia do quão levianamente é aqui tratada a filosofia que deveria nutrir as agremiações políticas. Na definição clássica de Max Weber, partidos são associações que visam a um fim deliberado, que pode ser "objetivo" (a realização de planos materiais ou ideais considerados os mais importantes para a sociedade) ou "pessoal" (obter benefícios, poder e glória para si e para correligionários). Embora esses chamados fins objetivos e pessoais dificilmente possam ser encontrados em estado puro em qualquer político, mesmo que por puro ardil, parece mais do que evidente que os partidos brasileiros em geral ainda permitem uma relação muito promíscua entre o objetivo e o pessoal. Com exceção parcial para o PT e alguns outros partidos menores, um mínimo de coesão ideológica entre os diversos membros de uma dada organização ainda é uma meta infelizmente muito distante. É claro que acompanhar a história e à luz da observação e do raciocínio mudar antigas posições quase dogmáticas pode ser positivo. Ainda assim, não parece ser essa a causa da maioria das mudanças de legenda entre políticos. Sem cair numa rede partidária sectária e maniqueísta, é preciso que as legendas brasileiras dêem mais atenção a suas plataformas e propostas ideológicas. E que as respeitem. De outra forma, a política "pessoal" ainda tenderá a prevalecer sobre a política "objetiva", com os malefícios daí decorrentes. Próximo Texto: Infância assassinada Índice |
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