São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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'Tráfico' do álcool vence a 'lei seca' no Maracanã

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

A proibição de venda de bebida alcoólica no Maracanã criou ontem um novo tipo de tráfico no Rio: o de cerveja e cachaça para dentro do estádio.
Centenas de vendedores clandestinos passaram o dia tentando colocar dentro do Maracanã as latas e garrafas com que planejavam abastecer os torcedores.
Muitos tiveram sucesso. Outros fracassaram. Até as 22h12, segundo a coordenação da PM no estádio, tinham sido presas 45 pessoas tentando entrar com carregamentos de bebidas. Naquele horário, o total de presos era de 55.
Os que conseguiam passar ganharam dinheiro fácil. A latinha de cerveja comprada em supermercados por R$ 0,40 era vendida por R$ 4,00 nas arquibancadas.
A dose de cachaça pura estava custando R$ 2,00, mesmo preço da garrafa no comércio do Rio.
A maior parte da bebida clandestina entrou no Maracanã pelas grades da pista de atletismo Célio de Barros, anexa ao estádio.
Com a conivência de PMs e funcionários, os vendedores conseguiam levar a mercadoria até as arquibancadas e cadeiras.
O tenente-coronel José Mazzei, coordenador de policiamento no Maracanã, criticou as condições de segurança do estádio.
"O Maracanã é vulnerável. Existem muitos acessos, muitos caminhos", reclamou Mazzei.
A PM não foi consultada sobre a adoção da "lei seca" no principal estádio brasileiro. A decisão foi tomada há 15 dias pelo superintendente da Suderj (Superintendência dos Estádios do Estado do Rio de Janeiro), Raul Raposo.
Raposo alega que a medida visa diminuir a violência no estádio. Segundo ele, o consumo de bebida alcoólica aumenta a possibilidade de ocorrerem brigas.
Para trabalhar na segurança do estádio, a PM escalou 620 homens. O comboio de ônibus vindos de São Paulo foi escoltado por carros da polícia a partir do km 0 da avenida Brasil, na zona norte.
Fora do estádio, 360 policiais militares revistavam torcedores e organizavam os acessos. Dentro, havia 260 policiais encarregados de vigiar os torcedores.
Na entrada das arquibancadas, os torcedores passavam por detectores de metais. As bolsas eram reviradas. Fogos de artifício e objetos que podiam ser usados como armas -como paus de bandeiras- foram apreendidos.

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