São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Livros sobre arte culinária se tornam best sellers

MÔNICA MAIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A culinária vip saltou das delicatessens e restaurantes para ocupar uma fatia saborosa do mercado editorial. Com edições luxuosas ou manuais simplificados, as editoras comemoram o fim de ano com livros de receita no topo das listas de best sellers. As livrarias exibem este mês um pacote de lançamentos em que caçarolas e temperos são os protagonistas.
A gastronomia em papel-couché, com livros arte de R$ 75, esgota edições. "À Mesa com Monet" emplacou duas tiragens somando 6.700 exemplares distribuídos pela Salamandra. "Vamos seguir com a 'À Mesa com Renoir, e com Cèzanne"', diz Marcus Pereira, gerente editorial da Salamandra.
Quem não tem tradição na grife da culinária adere à tendência. Além do lançamento das crônicas de Nina Horta, colunista da Folha, a Companhia das Letras republicou um dos grandes clássicos da literatura gastronômica - "A Fisiologia do Gosto", de Brillat-Savarin. A programação de 96 está recheada com títulos conjugando ícones do universo literário com o gastronômico.
Inclui desde "Um Alfabeto para Gourmets", de MFK Fischer, até o "Cookbook", o livro de receitas de Alice B. Toklas, a companheira de Gertrude Stein.
Chefs celebrados como Laurent Suaudeau lançam livros este mês. São seguidos por gente como Frei Betto, que debuta no mercado com seu "Comer como um Frade", ou por Moacir Japiassu com seu "Danado de Bom! O melhor da Cozinha Nordestina".
O crítico de gastronomia Mauro Marcelo Alves lançou esta semana, pela DBA, "Vinhos - A Arte da França, a Viticultura no Brasil", um volume que conjuga enologia e receitas assinadas pelo chef Emmanoel Bassoleil, do Roanne.
O editor Alexandre Dórea Ribeiro, da DBA, lista a programação para o próximo ano: "Charlô, of course", de Charlô Waterley; "O Livro do Foie Gras"; "Cuccina dell'Amore e Passione", com receitas de Sergio Arno e "Il Riso in Tasca", livro de risotos de Luciano Boseggia, chefe do restaurante Fasano.
Ele ressalta que a onda dos livros de culinária seguem uma tendência dos EUA e Europa. "O livro de culinária divide com a arquitetura e decoração a maior parte dos investimentos das grandes editoras".
É a opinião do jornalista J.A. Pinheiro Machado, autor de "Anonymus Gourmet". "Em um mundo previsível, a culinária traz sempre a novidade. Este é o encanto do Jeff Smith, do programa e do livro Frugal Gourmet: transformar cada receita em um triunfo", compara Machado.
O filão da culinária gera uma espécie de fenômeno editorial conhecido como "back-list". São livros que, sem entrar nas listas, têm venda constante.
O maior fenômeno desse gênero começou a carreira em 1940, teve 68 edições e vendeu mais de um milhão de exemplares. As receitas de rosquinhas e pratos básicos brasileiros são a razão do sucesso de "Dona Benta - Comer Bem", da Cia. Editora Nacional, organizada por autores anônimos.
Culinária brasileira também é tema de grandes projetos. A crítica de gastronomia Danusia Bárbara, autora de "Os Restaurantes da Boa Lembrança", envolve-se com "Sabor do Brasil, que trará um mapeamento da culinária nacional. "Vai levar uns dois anos. Preparo outros como 'Sexo e Comida - seduções em torno da mesa' e outro sobre a comida no cinema", afirma Danusia.
A editora L&PM inova no ramo. "O editor deve procurar alternativas. Vamos lançar uma coleção de 30 livros do Silvio Lancelotti, com um livro por mês, a partir de março", diz o editor Ivan Pinheiro Machado.
Para badalar e disputar o mercado ele colocará na Internet, a partir do dia 20, "traillers" do livro. O "home page" poderá ser acessado no endereço http://www.procergs.com.br/LPM.

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