São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Círculo vicioso; Debate esclarecedor; Ensino superior privado; Garras; Ouvidor; Protesto; Apelo; Centro Tecnológico

Círculo vicioso
"Li o editorial 'Direção duvidosa' da Folha de 11/12 e gostaria de relatar-lhes alguns dados interessantes sobre as nações do Sudeste Asiático. Nos últimos 30 anos os governantes dos países da região, independentemente do seu matiz ideológico, reduziram significativamente os custos de se produzir naquela região. Entre esses os impostos, inclusive o de renda, e gastos previdenciários. Conseguiram atrair milhares de empresas que passaram a usar a região como plataforma de exportação para mercados globalizados, gerando milhares de empregos. A competitividade por mão-de-obra veio a distribuir melhor a renda. Cingapura, por exemplo, que hoje tem US$ 27.800 de renda per capita, tinha péssima distribuição de renda quando se tornou independente em 1965. Essa nação erradicou a miséria, o tráfico de drogas, o contrabando e a prostituição em 30 anos, reduzindo impostos (inclusive o de renda), eliminando barreiras alfandegárias e atraindo investimentos. A única região do globo onde os impostos são mais baixos que em Cingapura é em Hong Kong, que tem renda per capita ainda mais alta, US$ 29.300. Não parece que impostos altos redistribuam renda. Por tornar a região menos competitiva, não atraem negócios, empresas e empresários, não gerando empregos. O excesso de mão-de-obra em relação à oferta de emprego torna a remuneração do trabalho muito baixa, formando um círculo vicioso de pobreza crônica. Os mais preparados tecnologicamente e os empresários que sabem usar os fatores disponíveis, entretanto, enriquecem nesse ambiente, criando o abismo de renda que se observa em países de crescimento econômico medíocre como o Brasil. O Brasil só distribuirá a riqueza se crescer aceleradamente e se tiver condições de atrair negócios, empresas e empresários. A economia do Brasil geraria então uma demanda maior por mão-de-obra, superior à oferta, possibilitando uma melhor distribuição de renda. Impostos e custos previdenciários muito elevados tenderiam a inibir a atração de novos negócios, perpetuando a péssima distribuição de renda."
Igor Cornelsen (São Paulo, SP)

Debate esclarecedor
"Traz a Folha que o sociólogo Hélio Jaguaribe vai fazer parte da comissão de reforma administrativa. Seria bom chamar a essa comissão o ex-ministro Marcílio e o ex-presidente Collor. Ambos poderão dar sua experiência de como essas fundações sem fins lucrativos sacam dinheiro da administração pública sem qualquer cerimônia. E o sr. Hélio Jaguaribe poderia relatar como seu instituto de pesquisa arranjou dinheiro no fim do governo Collor. Será um depoimento que vai enriquecer os debates e mostrar que com essas fundações e com essa elite acadêmica o Estado brasileiro vai atolar mais ainda."
Luiz Gornstein (São Paulo, SP)

Ensino superior privado
"Sobre o artigo 'A mina das universidades', de Valdo Cruz (4/12): o artigo trata de forma aleatória e indiscriminada o ensino superior privado, pinçando uma ou outra declaração do ministro da Educação. Quanto à 'mina de ouro', é só fazer a comparação com o custo das universidades públicas, que custam o triplo, para perceber o milagre que as instituições de ensino particular fazem para administrar suas atividades. Faltou ainda o bom senso de admitir que o alunado está cansado de saber que o diploma hoje em dia não é credencial para mais nada, e melhor do que ninguém ele sabe e conhece a qualidade dos cursos que está fazendo. Em todos os países a universidade está sendo questionada. A sua sobrevivência depende de mudanças radicais. E a avaliação proposta pelo ministro é uma delas. O recredenciamento a cada cinco anos outro. A maior parte do ensino superior particular é favorável a isso, inclusive antecipando-se ao próprio governo, como mostrou também a Folha de 3/12."
Gabriel Mário Rodrigues, presidente do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo -Semesp (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Valdo Cruz - O artigo destacava que as universidades caça-níqueis acabam prejudicando a imagem das boas escolas de ensino superior. Não esqueceu de ressaltar também que o aluno que busca esse tipo de escola sabe que está se iludindo.

Garras
"Do jeito que vão as coisas, a Vera Fischer acabará sendo conhecida como Fera Fischer."
Paulo Azevedo (São Paulo, SP)

Ouvidor
"Marcelo Leite é comentarista político ou ombudsman? Ou talvez seja ombudsman da Presidência, pois seus 'artigos' contemplam basicamente críticas ao governo FHC, tornando-se na prática o ouvidor-geral da República. A Folha precisa resgatar a idéia de ser o único jornal de circulação nacional com o trabalho de um ombudsman e transferir o Marcelo para a página 2."
Flávio Ramos (Itajaí, SC)

Resposta do jornalista Marcelo Leite - Como qualquer cidadão, o ombudsman tem direito à opinião, mas procura restringir eventuais críticas ao governo ao relacionamento deste com a imprensa.

Protesto
"Por não concordar com o fato de os articulistas da Folha já terem feito um prejulgamento condenando o Sivam (aliás, diga-se de passagem, só quem vive na Amazônia pode avaliar com exatidão a importância desse projeto) e com reportagens tendenciosas como a publicada em 3/12, com a chamada de primeira página 'Comissão quer condenar o Projeto Sivam', solicito o cancelamento de minha assinatura."
Isaias Ribeiro (Manaus, AM)

Apelo
"Escrevo para este jornal pedindo e implorando que bata e combata essa reorganização do ensino. Moro a um quarteirão da escola Lazaro Duarte do Pateo,. Com essa reorganização as minhas três filhas terão de se deslocar para o outro lado da cidade. Só de transporte gastarei R$ 158,40. Como é possível se sou uma empregada doméstica e ganho R$ 400 mensais?"
Valdelena Lopes Jacob (Limeira, SP)

Centro Tecnológico
"A Folha recebeu e agradece as mensagens de congratulações pela inauguração do Centro Tecnológico Gráfico-Folha de: Silvio Angelo Nigro, diretor de marketing da Nigro Alumínio Ltda. (Araraquara, SP); Marcelo Barbieri, deputado federal pelo PMDB-SP (Brasília, DF); Pauderney Avelino, deputado federal pelo PPB-AM e presidente da Comissão de Economia, Indústria e Comércio da Câmara (Brasília, DF); Francisco Galvão, diretor do Simba Safari (São Paulo, SP); Milton Santos, professor-titular de geografia humana da USP (São Paulo, SP); Manoel Elias do Carmo, diretor comercial da Situal Informática Ltda. (São Paulo, SP).

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