São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
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Nova Orleans une Europa, África e América

ANA QUINTELLA
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA ORLEANS

Pense em Louis Armstrong. Pense em "bouganvilles", alamandas e hibiscos. Pense na França, na Espanha, na África e no Caribe. Pense em você sentado numa varanda observando a vida passar alegre pelas ruas. Pense no jazz. Improvise. Nova Orleans é tudo isso e permite misturas incríveis.
Para o turista, Nova Orleans é sinônimo de alegria e diversão: o jazz, o Mardi Gras (Carnaval) e o Quarteirão Francês -com muitos bares e restaurantes- compõem o imaginário da cidade. E, para completar, parece uma cidade norte-americana apenas na geografia. É uma cidade do mundo.
Situada na foz do rio Mississippi, porto importante no Golfo do México, ela encanta seus visitantes desde o momento da chegada.
A cidade, pequena para os padrões do país, com pouco mais de 300 mil habitantes, tem tudo o que o turista gosta: bons hotéis, excelente comida e vida noturna alegre e intensa. E jazz, muito jazz.
A cidade nasceu e cresceu com influências européias, africanas e caribenhas, o que proporcionou o nascimento de novos estilos musicais, uma arquitetura própria, claramente revelada nos detalhes do Quarteirão Francês (sacadas, cercas de ferro trabalhadas e todas as casas com pátios internos) e uma cozinha muito rica.
Parece que qualquer coisa pode acontecer aqui e, quanto mais tempo o turista tiver, mais convencido ficará dos encantos escondidos da cidade. Mais do que qualquer coisa, Nova Orleans tem prazeres para a vista, ouvidos e paladar.
História
Os espanhóis foram os primeiros europeus que chegaram ao vale inferior do rio Mississippi.
Em 1530, Cabeza de Vaca e Pánfilo de Narvaez iniciaram um esforço de colonização que nunca se consolidou.
Um século mais tarde passou ao domínio francês e novamente, durante 41 anos (1768 a 1803), esteve sob controle espanhol.
Transferida mais uma vez à França, em novembro de 1803, finalmente passou a integrar os recém-criados Estados Unidos em dezembro, por meio da venda da Louisiana -nome dado em homenagem a Luis 15.
Porto importante, Nova Orleans abrigou desde o início espanhóis, franceses, canadenses, ingleses, africanos e norte-americanos.
Essa mistura de etnias e culturas está presente não apenas na história, mas na música, arquitetura, cozinha e na própria forma alegre e hospitaleira dos residentes.
Desenhado originalmente como um típico povoado francês, o Quarteirão Francês é a principal atração turística, a alma da cidade do jazz.
Tem suas ruas estreitas com nomes franceses (Bourbon, Royal, Dauphine), algumas residências (lá vivem cerca de 6.000 pessoas), casas de até três andares, com varandas cercadas por trabalhos de serralheria e pátios internos, muitos transformados em restaurantes.
Embora chamado Quarteirão Francês, o bairro é praticamente todo de arquitetura espanhola -um grande incêndio ocorrido em 1788 destruiu praticamente toda a cidade.
É aqui que Nova Orleans ganha vida, luz e alegria. Se o turista fechar os olhos, inevitavelmente escutará música.
O jazz está por toda parte, com músicos improvisando solos ao longo da Bourbon street e nas dezenas de clubes, cabarés, restaurantes e cafés que ocupam todo o quarteirão, noite e dia.
No coração do quarteirão está a Jackson Square. Uma linda praça, antes conhecida como "Place d'Armes", que reflete bem a fusão entre a história da cidade e a vida contemporânea.
Os nativos de Nova Orleans, os turistas, os artistas que expõem seus trabalhos ao redor da praça e as carruagens transformam o lugar e as ruas próximas numa festa.
Festa conhecida, improvisada como o jazz, que não por acaso foi tocado pela primeira vez aqui.

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