São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Religião ocupa templos e chega às ruas do país

IGOR GIELOW; LUIZ HENRIQUE RIVOIRO

No Nepal e do enviado especial
A religião é a parte mais importante da vida nepalesa. Todos os eventos, cotidianos ou não, passam pela ligação que o homem tem com suas crenças.
O nepalês faz questão de demonstrar sua religiosidade. É ostensiva a frequência de locais considerados sagrados e, o mais curioso, em pontos simples de adoração nas ruas e trilhas.
Esses pontos podem ser pequenas efígies adornadas com tintas, flores e temperos nas ruas das cidades. Ou ainda as pedras de oração, conjuntos de menires seculares com inscrições de mantras (orações) pelos quais os viajantes têm de passar no sentido horário -para dar um "empurrão" na força que aquela oração teria.
As rodas de oração, cilindros giratórios com mantras impressos, estão em todos os locais e têm função análoga à das pedras. Bandeiras saídas de quadros de Volpi povoam o país, só que com a função de "espalhar ao vento" as orações inscritas no tecido.
O turista fica confuso com a diversidade de deuses e entidades.
Oficialmente, mais de 80% dos nepaleses são hinduístas, uma vez que o reino surgiu da unificação de cinco cidades-Estados em 1950 sob o comando dos hinduístas Newari, de Kathmandu.
O budismo, porém, também está presente e seus símbolos, como os olhos de buda (presentes em vários templos em forma de sino), são cartões-postais do país.
Há dois motivos para isso: Sidarta Gautama, o príncipe hindu que, segundo a crença, "achou a verdade" e virou o buda ("o iluminado"), nasceu em Lumbini, sudoeste do país. O outro é a ocupação chinesa do Tibete, na década de 50, que expulsou milhares de monges para o Nepal e Índia.
Uma boa dica é comprar um guia ilustrado das divindades e religiões, em inglês, nas livrarias de Kathmandu (menos de US$ 8).
O respeito pela crença -ou falta de- alheia é uma obsessão. O cumprimento nacional, "namaste", significa algo como "o deus que há em mim saúda o deus que há em você". Os templos, diferentemente das igrejas européias, são abertos e às vezes, habitados.
Algumas dicas são úteis para o turista interessado em conhecer as tradições religiosas. Primeiro, não confunda templos budistas e hinduístas, embora o sincretismo permita que eles estejam fisicamente lado a lado -ou mesmo um dentro do outro, como acontece em Patan, perto de Kathmandu.
A distinção arquitetônica é fácil: templos em forma de sino, as stupas, são budistas. Os com um andar menor que o outro, na maioria das vezes na forma de "pagodes", hinduístas.
(IG e LHR)

Texto Anterior: Estradas são emocionantes como trekkings
Próximo Texto: Alimentação é gostosa, barata e 'perigosa'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.