São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
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Mailson concilia ação no governo e banco

DA REPORTAGEM LOCAL

Ministro da Fazenda no governo José Sarney (1985-90) e, há dois meses, vice-presidente do banco BMC, o economista Mailson da Nóbrega não vê impedimento ético em atuar na área financeira e, ao mesmo tempo, comandar o Conselho de Reforma do Estado do governo Fernando Henrique Cardoso, instalado dia 8 passado.
"O conselho é somente consultivo", diz. "Como falou o ministro Bresser (Pereira, da Administração e Reforma do Estado), vamos tentar reproduzir experiências bem-sucedidas no mundo, de colaboração entre a sociedade civil e o governo", completou.
Mailson disse que foi convidado a participar do conselho por Bresser. "Só dois minutos antes do anúncio, em Brasília, fui comunicado de que seria o presidente."
O ex-ministro atribui o convite aos seus 30 anos como funcionário público e ao fato de ter chefiado, entre 1983 e 1984, uma equipe de 150 técnicos encarregados de fazer uma "radiografia" das finanças públicas.
"Várias das sugestões que fizemos, então, foram adotadas depois. Entre elas, a criação da Secretaria do Tesouro Nacional, a unificação orçamentária e a transferência da administração da dívida pública para o Ministério da Fazenda."
Só no dia 30 de janeiro se realizará a primeira reunião. "Vamos definir objetivos, estratégia e ações do conselho", diz. "A intenção é discutir e levar idéias para o governo sobre a reforma do Estado em todas as áreas."
Em junho deste ano, Mailson esteve sob suspeita de fornecer informação privilegiada a 104 empresas privadas, clientes da consultora MCM Associados.
Mailson era um dos sócios da consultora, com 40% do capital. O outro sócio era Gustavo Loyola, atual presidente do Banco Central.
A MCM foi acusada de divulgar para o mercado, antes de anunciada pelo governo, a queda de Pérsio Arida, então presidente do BC. Arida foi sucedido por Loyola.
Mailson defendeu-se dizendo que a informação havia sido passada para as empresas após o fechamento dos mercados.
O decreto-lei 1738/95, que criou o Conselho de Reforma do Estado, não estabelece remuneração para seus 12 integrantes.

Outros membros do conselho: Antonio Ermírio de Moraes, Antonio dos Santos Maciel Netto, Luiz Carlos Mandelli e Hélio Matta, o ex-governador de Pernambuco Joaquim Francisco de Mello Cavalcanti, os cientistas políticos Hélio Jaguaribe, Sérgio Abranches e Bolívar Lamounier, o consultor Gerald Dinu Reis, o advogado João Geraldo Piquet Carneiro e a diretora da Fundação Getúlio Vargas Celina Vargas do Amaral Peixoto.

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