São Paulo, domingo, 17 de dezembro de 1995
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Revivendo o passado

PEPE
ESPECIAL PARA FOLHA

Aquele Santos e Botafogo de 1959 foi um jogo memorável.
Estávamos em excursão pela Europa e, em La Coruña, na Espanha, nos enfrentaríamos pelo troféu Teresa Herrera.
Sete campeões mundiais da Copa da Suécia estavam presentes. Zito, Pelé e eu, defendendo o Santos, e Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagallo, pelo Botafogo. A casa estava cheia, superlotada.
Muitos parentes meus vieram de Orense e Verin para me conhecer. Eles queriam me ver jogar. Sentia que não podia decepcioná-los.
Após 90 minutos, vitória sensacional e show de futebol, principalmente de nossa parte: 4 a 1.
Os gols? Eu (dois), Pelé, Coutinho e Zagallo.
Este clássico, que será revivido hoje, na decisão do Campeonato Brasileiro de 95, marcou época na década de 60.
Pela passarela do Pacaembu, do Maracanã e no exterior, desfilavam autênticos e inesquecíveis astros daquela época de ouro do futebol brasileiro.
Havia rivalidade, mas também dava para notar o respeito mútuo. Não havia violência e sim muita técnica e talento.
Pelé com a 10 do Santos e Garrincha com a 7 do Botafogo eram as grandes estrelas.
O importante era que, além desses fenômenos, os coadjuvantes também eram de primeira categoria.
O que falar de Didi e sua mortal "folha seca"?
E a enciclopédia do futebol na arte de um Nilton Santos?
E o futebol envolvente do Santos, com as tabelas geniais de Coutinho com Pelé?
Quem não se lembra do comando e da vibração do Zito ou do trabalho verdadeiramente incansável do Zagallo pelo lado esquerdo do campo?
Também não dá para o torcedor se esquecer das "bombas" do Pepe.
Eram dois timaços de encher os olhos e o coração dos torcedores, dos grandes verdadeiros amantes do futebol-arte.
Creio que o Santos levou maior vantagem nesse autêntico confronto de gigantes.
Hoje, no Pacaembu, a emoção é a mesma. Tudo será decidido!
Acho que será um grande jogo de futebol. Com justiça, Santos e Botafogo, as duas melhores equipes, chegaram à final.
Acredito no potencial dos garotos do Cabralzinho, apesar de respeitar Túlio e companhia.
Há, no palco, um astro desequilibrando: Giovanni!
Esse paraense, em menos de dois anos de futebol paulista, não só se transformou no maior jogador do continente, como se consagrou como um dos maiores números 10 da Vila de todos os tempos.
Ídolo da torcida, como foram no passado, nessa posição, Araken Patusca, Pelé e Pita, o maravilhoso Giovanni faz com que se sinta no ar o cheiro de peixe.

JOSÉ MACIA, o PEPE, 60, é técnico de futebol e o segundo maior artilheiro da história do Santos. Ele jogou no clube entre 1955 e 1969 e marcou 405 gols

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