São Paulo, segunda-feira, 18 de dezembro de 1995
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Líderes de uniformizadas assistem anônimos à final

DA REPORTAGEM LOCAL

Banidas dos estádios paulistas por causa da violência, as torcidas organizadas foram as grandes ausentes deste Brasileiro. Pela primeira vez em décadas, as partidas aconteceram sem as bandeiras, faixas e gritos de guerra.
Foi assim, no anonimato, que dirigentes de duas das maiores torcidas paulistas assistiram à partida de ontem a convite da Folha.
Paulo Sérgio Castro, 27, presidente da são-paulina independente, e Marco Aurélio Campos de Moraes, 18, diretor da corintiana Camisa 12, acompanharam a final do Brasileiro no Pacaembu para para "aplaudir o bom futebol".
É isso que eles dizem esperar das organizadas no próximo ano.
Essas torcidas foram banidas dos estádios após o confronto entre a Independente e a palmeirense Mancha Verde, em 20 de agosto, que resultou na morte de uma pessoa e deixou mais de cem feridos.
A Mancha foi preliminarmente fechada pela Justiça em setembro e teve suas atividades suspensas. A Independente está funcionando, mas parte de suas atividades está suspensa.
Apesar de adversárias, as principais torcidas paulistas viam com simpatia uma vitória do Santos.
"A maioria na Independente está torcendo pelo Santos", disse Castro. Ele mesmo preferia o Santos campeão.
Já os corintianos da Camisa 12 estavam divididos. "Alguns preferem o Santos, mas há que esteja torcendo pelo Botafogo", disse Moraes, que pessoalmente torcia pelo time carioca.
"Afinal, foi o Santos que tirou a gente do Brasileiro", disse.
Os dois afirmaram ter visto membros da Mancha Verde infiltrados na torcida botafoguense. A Folha convidou a torcida palmeirense, que, porém, não enviou um representante.
Segundo Castro, a rivalidade não impedia que as outras torcidas paulistas apoiassem o Santos.
O fato de o clube estar há 11 anos sem vencer títulos desperta a simpatia dos adversários, especialmente na disputa contra uma equipe carioca.
Castro e Moraes esperam que em janeiro seja resolvida a questão da proibição das organizadas.
Segundo eles, a punição imposta neste semestre foi merecida, "mas agora é preciso trazer de volta os torcedores aos estádios, afinal, a média de público das equipes paulistas neste Brasileiro foi muito baixa".

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