São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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PM diz que garoto matou torcedor no Rio

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A Polícia Militar prendeu ontem sete pessoas acusadas de terem metralhado 11 torcedores do Santos que, por engano, entraram no Complexo da Maré (agrupamento de favelas na zona norte do Rio) após o jogo Santos e Botafogo na última quarta-feira.
Os torcedores, que tentavam achar o caminho de São Paulo, entraram em uma área de fronteira entre as favelas da Vila do João e da Vila do Pinheiro, dominadas por traficantes rivais. Eles foram recebidos a tiros e um deles, Ronaldo Mattos, 32, morreu. Outros três ficaram feridos.
Segundo o capitão Luiz Carlos Gomes, quem matou Mattos foi um adolescente de 13 anos.
Entre as sete pessoas presas, cinco são menores e admitem trabalhar como "soldados" (seguranças) do traficante Odir dos Santos, que pertence ao Comando Vermelho.
Os outros dois, Rubem Batista da Silva, 19, e Paulo Roberto da Silva, 20, segundo a polícia, trabalham para o traficante conhecido como "Kito", da Vila do Pinheiro, ligado ao Terceiro Comando.
O capitão Gomes afirmou que o grupo da Vila do João foi o responsável pelos disparos que atingiram o Vectra e o jipe Cherokee.
"O garoto disse isso para nós, quando o prendemos. Agora ele está colocando a culpa no pessoal da Vila do Pinheiro. Mas ele está mentindo", afirmou se referindo ao suspeito de ter disparado os tiros que mataram Mattos.
O garoto teria dito que não apenas socorreu os torcedores, como também os ajudou a trocar o pneu do carro e lhes deu água com açúcar para que se acalmassem.
Segundo Gomes, os torcedores paulistas foram atacados porque foram confundidos com policiais. Na véspera do jogo, a P2 (serviço reservado) da PM fez uma operação na Vila do João, na qual cinco pessoas teriam morrido, e, na manhã do dia do jogo, voltou ao local e prendeu outras três pessoas.
"Quando os torcedores entraram em alta velocidade na favela, eles acharam que éramos nós e atiraram", disse.
Além da prisão das sete pessoas, a polícia apreendeu também armas e drogas na favela.
As fotos dos presos serão encaminhadas para a Secretaria de Segurança de São Paulo para que as vítimas possam identificar os responsáveis pelo ataque.

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