São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 1995
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Quem pode mais...

JUCA KFOURI

Pode o Santos ter sido "roubado" e o Botafogo ser um legítimo campeão ao mesmo tempo? Pode.
Que o Santos foi prejudicado pelas arbitragens nas duas partidas contra o Botafogo é indiscutível.
Foram três impedimentos mal marcados no Maracanã, o terceiro deles evitando que Giovanni fizesse gol certo; um gol com Túlio impedido e a anulação de um gol legal de Camanducaia no Pacaembu.
Convenhamos que em 180 minutos de futebol não é pouco.
Mais: enquanto o Fluminense conseguiu evitar que seus jogadores fossem julgados pelo tribunal de araque da CBF, o Santos perdeu o importante Vágner na partida final.
Detalhes que decidem um título e que dão razão ao torcedor santista que recepcionou o presidente da CBF no Pacaembu com o coro que ele já se acostumou sempre que aparece em público: "Um, dois, três, Teixeira no xadrez."
Por mais que tenha lógica a suspeita de que a CBF jamais deixaria o Santos de Pelé ser o campeão, no entanto, a verdade é que o Santos também fez um gol ilegal no Pacaembu -embora tenha sido um lance difícil e muita gente boa tenha visto ali bola na mão e não mão na bola.
Seja como for, tanto o lance do gol validado de Túlio como o do invalidado de Camanducaia também foram difíceis, nada que se possa chamar de escandaloso.
De mais a mais, um time para ser campeão precisa superar a tudo e a todos.
E o Santos teve essa chance no segundo jogo mas o goleiro Wagner tratou de impedir que se transformasse no título. Desnecessário dizer que ele é pago para fazer exatamente isso.
Daí a legitimidade da conquista do Botafogo, uma equipe cuja maior vantagem sobre o Santos foi a de ter podido zerar seus cartões amarelos com antecedência na segunda fase.
Como disse o artilheiro Túlio, quem ganha comemora e quem perde reclama. O resto é uma sucessão de "ses".
Se Gallo e Vágner estivessem em campo; se Pintado fosse escalado; se o juiz não anulasse o gol etc.
O que não invalida a justa ira de Clodoaldo Santana, o tricampeão no México que virou dirigente santista e que simplesmente se diz enojado da cartolagem oficial.
Mas o Santos também votou na reeleição de Ricardo Teixeira.
Enfim, quem pode mais chora menos.
E o Botafogo, desta vez, pôde mais.

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