São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Bird libera US$ 750 mi para governadores

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul receberão nos próximos meses empréstimos diretos do Bird (Banco Mundial), de cerca de US$ 250 milhões cada -o que dá um total de US$ 750 milhões- para reestruturar as finanças dos Estados e realizar investimentos.
São Paulo, o maior e mais endividado Estado do país, não receberá nada desta nova linha de crédito. O Bird considera que São Paulo está atrasado no programa de saneamento de suas finanças.
O Estado fica fora da maior concessão de créditos que o Banco Mundial faz ao Brasil nos últimos três anos.
No total, o Bird emprestará ao país neste ano US$ 1 bilhão. O valor equivale a quase 7% do total das verbas programadas para vários países do mundo dentro do ano fiscal corrente (de julho de 95 a junho de 96) do banco.
Em entrevista à Folha, de Washington, o chefe de Operações com Países do Bird, Saumya Mitra, disse que o dinheiro emprestado aos três Estados deverá ser aplicado em programas de enxugamento de funcionários e em obras paralisadas em áreas e essenciais.
O governo do Rio informa, por exemplo, que usará parte dos seus US$ 250 milhões em um programa de demissões voluntárias para cortar 10 mil dos 486 mil funcionários do Estado. Outra parte será destinada ao programa Baixada Viva, para melhorar a infra-estrutura na Baixada Fluminense.
"A nova linha de crédito contempla os Estados mais adiantados nas suas reformas e visa dar fôlego a investimentos", diz Mitra.
Sinal
Ele cita como "excelente sinal" da reestruturação do Estado do Rio a decisão de privatizar o Banerj.
O governo do Rio está promovendo uma concorrência para escolher uma empresa que fará o saneamento financeiro do banco estadual para depois vendê-lo.
A maioria dos Estados brasileiros está endividada e sem caixa para tocar obras. São Paulo, por exemplo, tem 1.900 obras paradas, incluindo cerca de 350 no setor de saúde -um dos prioritários para os empréstimos do Bird.
Mitra afirma que o Banco Mundial considera o descontrole das finanças dos Estados um dos principais obstáculos à estabilização da economia do país. Ele não descarta a ampliação destes empréstimos a outros Estados nos próximos anos.
"Vai depender da velocidade das reformas dos Estados", diz.
Contrapartida
A linha de crédito em questão tem a vantagem de não exigir a contrapartida dos Estados. Normalmente, para cada US$ 1 que o Banco Mundial empresta a um país, exige que o mesmo aplique outro US$ 1 no mesmo projeto a ser desenvolvido.
Os empréstimos desta nova linha de crédito são todos de longo prazo (podem ultrapassar 20 anos) e carregam uma das menores taxas de juro disponíveis atualmente no mercado internacional, inferior a 7,5% ao ano.
Além dos cerca de US$ 750 milhões que serão emprestados aos três Estados, o Banco Mundial destinará outros US$ 250 milhões (com exigência de contrapartidas) aos seus diversos programas de desenvolvimento no país, especialmente no Nordeste. São Paulo receberá recursos deste programa.

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