São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Botafogo alavanca vendas de Seven Up

FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de Assuntos Corporativos da Pepsi-Cola do Brasil, José Talarico, 41, termina 1995 comemorando duas vitórias interligadas: a liderança do mercado carioca de refrigerantes sabor limão e a conquista pelo Botafogo do campeonato brasileiro de futebol.
A liderança do mercado foi obtida pelo refrigerante Seven Up -a logomarca do refrigerante da Pepsi está estampada nas camisas do Botafogo desde o início do ano.
O patrocínio do clube foi uma das principais estratégias utilizadas pela Pepsi para o lançamento do refrigerante.
Torcedor do Botafogo, Talarico afirmou que o Seven Up foi lançado no Rio em janeiro passado, quando também foi assinado o contrato de patrocínio.
Em oito meses, de acordo com ele, a marca conquistou 35,4% do segmento limão do mercado de refrigerantes, segundo dados de agosto do Instituto Nielsen. Em segundo lugar, no Rio, ficou o Limão Brahma, com 22,1%.
Em São Paulo, também em agosto, o Seven Up estava com 14,3% do segmento, que, segundo Talarico, representa 7,4% do mercado total de refrigerantes no Brasil. O Seven Up é distribuído apenas em alguns Estados do país.
A exposição da marca em TVs, revistas e jornais obtida com a vitória do Botafogo faz com que Talarico estime um crescimento ainda maior do refrigerante.
Os resultados da "parceria" com o Botafogo foram tão bons que, para 96, a Pepsi e o clube estudam a possibilidade de estender para outros jogadores um contrato de utilização de imagem (hoje, apenas Túlio e Gottardo têm contratos pessoais com a empresa).
Esses acordos funcionam, na prática, como uma complementação dos salários dos jogadores. Segundo Talarico, o contrato com Túlio impediu que o artilheiro fosse negociado com o futebol inglês no meio do ano.
A renovação do patrocínio da equipe para 96 já está acertada desde julho passado. Talarico não revela o valor do contrato.
Apesar do entusiasmo, ele descarta a possibilidade de a Pepsi, além de patrocinar, vir a ter algum poder direto sobre a administração do clube. "Não vamos comprar o passe de qualquer jogador", disse.
A conquista do campeonato brasileiro gerou um ganho extra para a empresa: a exposição da marca em países da América do Sul, já que o Botafogo, com o título, obteve também o direito de disputar a Taça Libertadores da América. O Seven Up, segundo Talarico, é comercializado em diversos países da América Latina.
Troca de camisa
O patrocínio do Botafogo foi cercado de alguns cuidados. O primeiro deles foi trocar o número da camisa de Túlio, que, até o ano passado, jogava com a 9.
O artilheiro passou a jogar com a 7, para gerar uma maior identificação com o patrocinador ("seven", em inglês, quer dizer sete). A empresa buscou também reforçar o carisma da camisa 7 do clube, a mesma usada por Garrincha.
Para não chocar a torcida, entre janeiro e março, a logomarca do refrigerante foi impressa nas cores do Botafogo: preto e branco. Em março, o clube estreou uma nova camisa, em que a marca aparecia com suas cores originais: verde, vermelho e branco.
A estréia foi em um jogo contra o Vasco, vencido pelo Botafogo com dois gols de Túlio. A supersticiosa torcida do clube não teria razão para reclamar da camisa multicolorida. "A marca colorida trouxe sorte", diz Talarico.
O diretor da Pepsi nega que a identificação da marca com o Botafogo tenha gerado rejeição entre torcedores de outros times. "A rivalidade existe no esporte, não entre os patrocinadores."

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