São Paulo, quarta-feira, 20 de dezembro de 1995
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Computador e TV se encontram

MARINA MORAES
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Na semana passada, falamos do risco que os computadores representam para as redes de televisão.
Americano que tem multimídia em casa está passando cada vez menos tempo diante da TV.
Por coincidência, logo depois, a Microsoft fechou negócio com a rede americana NBC. Isso está parecendo outra tacada de mestre de Bill Gates. As duas companhias vão investir juntas em uma nova emissora paga, com tecnologia a cabo, a primeira Web TV dos Estados Unidos.
Guarde bem esse nome. Se você é do ramo da informática, ainda vai ouvir falar muito nele. É um conceito que promete a revolução dentro da revolução.
A idéia básica é criar um canal de notícias 24 horas por dia -que você possa ver na TV ou no computador. Quem sabe até pela Internet. Mas não será uma emissora comum.
Imagine que você esteja muito interessado em uma partida de futebol. E que o resultado da partida e os gols que você viu a cabo não tenham satisfeito sua curiosidade.
Nenhum problema: a própria reportagem da TV vai dar as dicas de onde você pode encontrar mais informações, pelo computador, na rede Microsoft.
Dali, você vai poder "descarregar" fotos do jogo, texto de entrevistas com os jogadores, quem sabe até o replay dos gols para guardar no seu arquivo.
Antes que esse sonho se concretize, muita água vai rolar.
Só na metade do ano que vem deve chegar ao mercado um modem que conecta o computador à caixa preta da TV paga com tecnologia a cabo.
Isso vai permitir, por exemplo, que você acompanhe as notícias em um canto da tela enquanto escreve um relatório ou joga paciência em outro.
Além disso, será um privilégio dos bem-dotados. Aqueles que têm no mínimo um Pentium com placa de vídeo e, se possível, um belo monitor colorido.
Além disso, só no ano que vem as companhias de TV paga daqui começarão a implantar em massa a rede de fibras ópticas que vai ampliar e melhorar a capacidade de distribuir imagens em movimento para o computador.
É uma história cheia de "se" e "porém", mas o caminho parece definido porque tem muito mais gente investindo na Web TV, inclusive a Time Warner e a gigante do cabo americano, a Tele-Communications (TCI).
O Home, um serviço da TCI, começa a ser oferecido no ano que vem na Califórnia.
A idéia é abastecer o computador com transmissões de programas e eventos e permitir que o usuário obtenha no ato, se estiver interessado, o texto completo do que foi ao ar ou mesmo uma bibliografia sobre o assunto que foi tratado. A assinatura vai custar cerca de US$ 40 mensais.
A chegada das linhas digitais e dos modem-cabo vai permitir a implantação de muitos outros serviços interessantes, como o disque-gerente.
É para aqueles que controlam a conta bancária via computador. No futuro, essa tecnologia colocará o gerente -ou pelo menos a imagem dele- em sua casa, para um pedido de empréstimo ou uma dica de investimento.
A longo prazo, a Microsoft, a NBC e a Time Warner trabalham com a projeção de que a TV e o computador se tornarão um só aparelho doméstico, pelo qual o consumidor poderá divertir-se, informar-se, comprar e trabalhar. Se não falirem todos antes, pagando as contas da TV paga, do telefone e muitas outras que surgirão ao longo dessa nova onda.

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