São Paulo, quinta-feira, 21 de dezembro de 1995
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Empreiteira pagou o salário de motorista de Roberto Requião

MÔNICA SANTANNA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A construtora CG Ltda., de Curitiba (PR), pagou por pelo menos dois anos e oito meses o salário de Valdir Leal dos Santos, na época motorista do então governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB-PR).
A CG foi responsável pela execução de parte do Prosam (Programa de Saneamento Ambiental da Região Metropolitana de Curitiba), um dos principais projetos do governo de Requião.
Documentos obtidos pela Agência Folha mostram que a empreiteira recebeu R$ 2 milhões para executar 4.740 ligações de esgoto. Em abril deste ano apenas 85 ligações haviam sido feitas.
Santos, conhecido pelo apelido de "Tabaco", disse à Agência Folha que trabalhou como motorista de Requião no tempo em que ele foi prefeito de Curitiba (1985-1989) e governador do Paraná (1990-1994).
"Nesses dez anos quem pagou meu salário foi a CG Construtora, mas nunca trabalhei para a empresa", afirmou Santos.
A carteira de trabalho de Santos comprova que ele foi contratado pela construtora CG Ltda. no cargo de assistente administrativo em 1º de fevereiro de 1990 por um salário na época de NCz$ 2.005,00.
A demissão de Santos ocorreu no dia 14 de outubro de 92. Requião, que foi eleito no ano passado senador pelo Paraná, assumiu o governo do Estado em março de 1990.
Santos disse que ocupava o cargo em comissão tanto na prefeitura como no governo do Estado.
"Na época da prefeitura, fui exonerado para trabalhar na campanha do Requião para o governo e sempre estive à disposição dele", afirmou o ex-motorista.
Segundo ele, até junho deste ano estava trabalhando como motorista no escritório de Eduardo Requião, irmão do senador, recebendo um salário de R$ 500,00.
Santos agora quer receber indenização trabalhista pelo período em que trabalhou como motorista e entrou com uma ação na Justiça do Trabalho em Curitiba contra o senador Roberto Requião.
Ele reivindica R$ 40 mil pelos serviços prestados ao ex-governador. O processo está tramitando na 4ª Junta de Conciliação e Julgamento, e a audiência está marcada para fevereiro.

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