São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Comércio descarta aumento de vendas

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Lojistas descartam aumento das vendas a prazo e não pensam em cortar, de imediato, os juros do crediário se for reduzido de 15% para 12% o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), conforme recomendou o Conselho Monetário Nacional (CMN) na quarta-feira.
"Essa medida não terá efeito no consumo", diz Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
A redução do IOF para pessoas jurídicas e físicas deve entrar em vigor a partir de 1º de janeiro, disse ontem em entrevista coletiva o ministro Pedro Malan (Fazenda). A medida vai reduzir o custo de empréstimos feitos pelos bancos.
A redução do IOF faz parte da política gradual de diminuir as restrições ao crédito. A alíquota das empresas cai de 3% para 1,5% (e de 3% para 0% nos empréstimos feitos pelo BNDES) e a das pessoas físicas de 15% para 12%.
Manoel de Oliveira Franco, presidente da Acrefi (reúne as financeiras), concorda com Szajman. "Na prática, essa redução de três pontos percentuais ao ano no IOF vai ter efeito pequeno (0,25 ponto percentual ao mês) no custo do empréstimo. A taxa do financiamento, que hoje está em 10,20% ao mês, deve baixar para 9,95%."
Samuel Klein, dono da Casas Bahia, que vende a prazo com juros de 9% ao mês, diz que vai manter, por enquanto, a taxa, mesmo que venha a ser aprovada a redução do IOF.
É que, segundo Klein, a redução do imposto é muito pequena para alavancar vendas. Por isso, não compensa ter o trabalho de refazer as tabelas e os cálculos do crediário.
Natale Dalla Vecchia, sócio da Loja Cem, acredita que essa alteração no imposto pode ter um pequeno reflexo nas taxas do crediário a partir de janeiro. "Não acredito na redução do custo dos financiamentos até o final do ano."
Para Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o objetivo do CMN, ao recomendar a redução do IOF, não é estimular a venda a prazo. Mas sinaliza a tendência de, gradativamente, reduzir a taxa de juros.
Na opinião do economista, mais relevante do que a redução do IOF, recomendada pelo CMN, foi o fato de o governo permitir que os bancos usem parte dos compulsórios sobre os depósitos para refinanciar dívidas de pequenas e médias empresas.
"O que é gritante hoje é o aumento no número de falências requeridas", diz Alfieri.
Até o dia 18 deste mês, a ACSP registrou crescimento de 35% nos pedidos de falências na cidade de São Paulo em relação ao mesmo período de novembro.
(MC)

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