São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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Bancos rivais no varejo tornam-se sócios no BFB

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O processo de fusões e aquisições de bancos no país ainda engatinha, mas já deu origem a uma associação inusitada. Os dois maiores rivais do mercado financeiro de varejo, Bradesco e Itaú, tornaram-se, em agosto, sócios incidentais num outro banco, o BFB (Banco Francês e Brasileiro).
Ao comprar a participação majoritária do francês Crédit Lyonnais no BFB, por R$ 298 milhões, o Itaú, segundo maior no ranking dos privados, virou controlador de um banco que tinha, entre os acionistas minoritários, o Bradesco e a Previ, fundação de previdência do Banco do Brasil.
O Bradesco tem uma participação de 7,5% do capital total do BFB, adquirida em abril de 1994. Na época, o Bradesco garantiu a subscrição de um aumento de capital de US$ 100 milhões pelo BFB, ficando com uma boa parte em sua carteira de investimentos e vendendo outra para a Previ. Hoje, a Previ tem 15,15% do banco.
Com menos de 10% do capital do BFB, o Bradesco não tem o direito de eleger representante no conselho de administração do banco. Mesmo assim, o Itaú quer comprar a participação de seu maior concorrente.
"Queremos comprar todas as participações minoritárias no BFB. Podemos tocar o banco perfeitamente só com o controle, mas o ideal seria termos uma subsidiária integral", diz Sérgio de Freitas, diretor-geral do BFB e vice-presidente do Itaú.
O banco irá fazer oferta pública nesse sentido em janeiro, oferecendo ao Bradesco e aos demais acionistas o mesmo preço pago pelas ações ao Crédit Lyonnais.
A princípio, a oferta seria de R$ 47 milhões pela fatia do Bradesco e de R$ 95 milhões pela da Previ. Esta, segundo um assessor, estaria negociando a venda com o Itaú. A Previ já participa da holding do banco, a Itaúsa. O Bradesco, por enquanto, finge-se de morto.
Segundo a assessoria de comunicação do Bradesco, o banco irá esperar a oferta pública para decidir se vende ou não.
"É um bom negócio para os minoritários, pois pagaremos pelas ações o mesmo que pagamos ao Crédit Lyonnais", afirma Freitas.
O BFB deverá fechar o ano de 1995 com forte prejuízo. O Itaú decidiu fazer um "write off" (jogar para prejuízo) de todas as operações de recebimento duvidoso.

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