São Paulo, sexta-feira, 22 de dezembro de 1995
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"Aconteceu Naquele Hotel" faz metáfora da transgressão sueca

MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL

Filme: Aconteceu Naquele Hotel
Produção: Suécia, 1994
Direção: Susanne Bier
Elenco: Loa Falkman, Stina Ekblad, Simon Norrthon
Estréia: hoje, no Espaço Banco Nacional de Cinema

Depois de assistir "Aconteceu Naquele Hotel", o espectador talvez saia do cinema com uma dúvida que, se esclarecida, resolva todo filme: o que significa transgressão em um país como a Suécia, decantado como a terra da liberação no mundo?
Ainda que a resposta não chegue, ao menos a diretora Susanne Bier nos informa sobre uma "idéia" de tédio sueco, ao mostrar a vida de um homem frustrado com seu casamento, filhos, esposa e trabalho.
Um tédio mortal, pois o transforma esse homem, aos olhos de todos ao redor, em um idiota. Seus amigos e família só conseguem vê-lo como mais um membro da classe média que parece ser igual em todos os países: ridícula em suas pretensões materiais.
Paixão
Ao menos tudo é assim até o momento das férias familiares passadas em um hotel de férias, quando o chefe da família descobre o amor entre o sol e mar. Tudo razoavelmente nos padrões de qualquer filme hollywoodiano. Exceto pelo fato de que sua paixão é outro homem.
Voltamos portanto a dúvida inicial. Seria o amor homossexual a maior metáfora do rompimento com as amarras da sociedade?
Se isso é fato ou alucinação parece secundário. "Aconteceu" pretende mostrar que o assunto merece ao menos um tratamento cinematográfico.
Mas o mais curioso é que tudo no filme soa ultrapassado pela inabilidade de Bier em tratar os próprios temas que apresenta.
Ora o que se busca é uma crítica convencional, ora estamos diante de uma história de amor com todos os clichês do gênero.
Uma hesitação disfarçada por meio de uma terrível luz publicitária e outros maneirismos, desviando a atenção do espectador a cada plano, corte e tomada. Uma atenção que infelizmente dirige o espectador a lugar nenhum.
"Aconteceu Naquele Hotel" não toca, não emociona e nem possui qualquer forma de encanto. Apenas se desvia de si mesmo.

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