São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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Queda de preço colabora para aumentar venda

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais do que a queda nas taxas de juros, do alongamento de prazos de pagamento do crediário, o que contribuiu positivamente para as vendas do comércio neste ano é a queda no preço dos produtos.
A avaliação é de Nelson Barrizzelli, professor da Faculdade de Administração e Economia da Universidade de São Paulo.
"A redução no preço do bem fez com a prestação se encaixasse perfeitamente dentro do salário."
Isso facilitou o acesso das camadas mais pobres aos bens de consumo duráveis (televisores, videocassetes etc) e a permanência dessa clientela no mercado.
Em dezembro de 94, por exemplo, uma bicicleta de 18 marchas custava no varejo, à vista, R$ 188. Um ano depois esse mesmo produto sai, na mesma loja, por R$ 157, isto é, 16,5% menos.
No mesmo período, o plano mais longo de pagamento para compra dessa mesma bicicleta saltou de 9 para 11 prestações.
O valor de cada mensalidade caiu 34,3%: era de R$ 30,30 em nove vezes e foi reduzido para R$ 19,90.
A taxa de juros, no entanto, encolheu apenas 8,5% nos últimos 12 meses. Ou seja, de 10,68% ao mês para 9,77% ao mês.
Segundo Barrizzelli, o ajuste para baixo nos preços é reflexo do processo de redução de custos empreendido pelas indústrias.
Oiram Correa, diretor da Divisão de Estudos Econômicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FCESP), concorda com Barrizzeli e acrescenta outro fator para o recuo dos preços nos últimos 12 meses.
Para ele, o comércio reduziu suas margens de ganho para enfrentar a concorrência acirrada entre as lojas e rebater a entrada dos produtos importados.
Tanto é que as projeções da FCESP com base nas estimativas de vendas para dezembro mostram que, neste ano, as lojas tiveram um faturamento 2,5% maior em relação ao de 94. Enquanto isso, o volume de venda física cresceu 12% no mesmo período.
"A venda física maior significa uma redução no preço dos produtos e na margem de ganho do comércio", diz Correa. Quem saiu ganhando com a queda de custos e margens foi o consumidor.
Um Natal com preços menores como o deste ano vai ser difícil se repetir, diz Paulo Turkiewicz, diretor-presidente da Disapel, um rede de 94 lojas especializadas em eletroeletrônicos que atua no Paraná, Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
Segundo o comerciante, nos últimos 12 meses, o preço em dólar de um aparelho de televisão, da indústria para o comércio, diminuiu 20%.
Ele conta que cortou em quatro pontos percentuais a sua margem de rentabilidade no preço final dos produtos.
(MCh)

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