São Paulo, domingo, 24 de dezembro de 1995
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Economia doméstica ainda é desconhecida

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

Administrar a casa e cuidar do dia-a-dia da família está longe de ser a atividade de quem segue a carreira de economia doméstica.
O profissional da área auxilia famílias -nas zonas rural e urbana- no planejamento doméstico. Ele também pode atuar em empresas e em órgãos do governo.
"O trabalho é prático. Ensinamos às famílias cuidados de higiene e saúde. Também mostramos como podem usar o dinheiro da melhor forma possível", diz Elza Vidigal Guimarães, 40, coordenadora do curso de economia doméstica da UFV (Universidade Federal de Viçosa), de Minas Gerais.
O economista doméstico também encontra oportunidades de trabalho em empresas médias e grandes, onde orienta sobre os direitos do consumidor e avalia a praticidade de eletrodomésticos.
Na indústria, pode ser contratado para elaborar o cardápio do restaurante dos funcionários. Em creches, dá orientações sobre o desenvolvimento da criança.
Não faltam empregos em todos esses campos, segundo Elza Guimarães. O baixo número de profissionais -3.500-, aliado à própria expansão da atividade, justifica a boa oferta de trabalho.
"Os órgãos do governo são os que mais oferecem emprego na área", afirma Helena de Souza França, 57, chefe do departamento de economia doméstica da Upis (União Pioneira de Integração Social), de Brasília (DF).
Para Elza Guimarães, da UFV, a oferta de trabalho poderia ser maior caso a profissão tivesse uma maior divulgação. "O problema é que quase ninguém sabe o que faz o profissional", afirma.
A média salarial é R$ 900 -pouco acima do piso da categoria, R$ 800. O economista doméstico, com mais de dez anos de experiência, chega a ganhar no máximo R$ 3.000 (leia abaixo).
Um novo campo de atuação que está surgindo é o serviço de consultoria para empresas. O consultor normalmente é contratado por projeto -recebe, em média, R$ 35 pela hora de trabalho.
Segundo Joana D'Arc Dan, 43, que é consultora em Vitória (ES), o mercado comporta mais consultores. Ela ganha aproximadamente R$ 2.000 por mês.
"Há espaço para mais gente, só que muitas empresas não procuram esse profissional por desconhecerem sua atividade", explica.
O consultor pode elaborar programas de treinamento específicos sobre educação alimentar para os funcionários da empresa, mostrando como se alimentar adequadamente. Também dá cursos sobre planejamento financeiro familiar.
Na opinião de Vera Serra Pires, coordenadora do curso de economia doméstica da Fatea (Faculdades Integradas Teresa D'Ávila), de Santo André (SP) -única que tem o curso na Grande São Paulo-, outra área que deverá crescer é a de educação do consumidor.
"Quanto mais a população se conscientizar da importância de fazer valer seus direitos de consumidor, mais o nosso trabalho será solicitado."
Em institutos de defesa do consumidor, o economista doméstico orienta o público sobre quais são seus direitos.

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